Desistência e 'fator casa' equilibram forças na hora da briga entre grupos de macacos. Pesquisa afirma que grupos maiores de macacos não desfrutam da vantagem numérica em confrontos por território porque contam com muitos desertores.
Por que grupos maiores de macacos simplesmente não invadem o território dos grupos menores e os colocam para correr? Assim como no futebol é comum que times medíocres superem equipes melhores simplesmente pelo fato de jogar em casa, ao lado da torcida, os grupos menores de macacos também contam com esse 'fator casa'.
A causa é que, da mesma forma como alguns jogadores têm sua performance inibida ao jogar no estádio adversário, boa parte dos membros dos grupos maiores, mesmo em larga vantagem numérica, fogem do confronto quando se trata de invadir território inimigo.
É o que descobriram cientistas americanos que estudaram o macaco-prego-de-cara-branca (Cebus capucinus) em habitats silvestres, como a estação de preservação da ilha Barro Colorado, no Panamá.
Resultado:
Grupos maiores de macacos têm mais desertores quando acontecem conflitos com rivais. Com isso, há mais equilíbrio na disputa por territórios e grupos de tamanhos diferentes podem coexistir.
Segundo a pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, até um quarto dos membros de grupos mais numerosos pode fugir ao invés de lutar. Nos grupos menores, porém, praticamente todos os macacos vão para a briga. Com isso, as lutas não são desiguais, como poderia acontecer, e existe um equilíbrio entre as populações.
Os autores do estudo, Margaret Crofoot, do Instituto Smithsonian de Pesquisa Tropical e Ian Gilby, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, simularam ataques aos macacos por meio de gravações que emulavam a chegada de grupos inimigos. A frequência e volume dos sons indicavam o tamanho do 'exército' inimigo.
O local onde ocorre a batalha interfere no número de desertores. O território do macaco-prego-de-cara-branca é bem delimitado. Se um grupo é atacado perto do centro desse território, a resposta costuma ser bem mais agressiva. Se a ameaça ocorre perto do limite territorial, porém, os animais são mais propensos a bater em retirada; fenômeno que ocorre tanto com grupos maiores quanto menores. Quem joga 'em casa', portanto, se sente mais confiante para atacar o rival.
Há pesquisas que apontam a capacidade de organização em batalhas com grupos rivais como um ponto central da evolução do comportamento social humano. O estudo recém publicado, portanto, pode ajudar a entender melhor nossas origens.
Revista VEJA online. Foto: Macaco-prego-de-cara-branca (Cebus capucinus): 'fator casa' influi na força dos grupos (Thinkstock)
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