ULTRABOOK É TUDO O QUE O CONSUMIDOR QUER, DIZ CEO DA INTEL.
Presidente da filial brasileira da fabricante de processadores defende que nova categoria de PCs manterá usuários permanentemente conectados.
"O MacBook Air não preenche os requisitos exigidos para entrar na categoria ultrabook" - Fernando Martins, presidente da Intel Brasil.
Há 40 anos, a Intel projeta e fabrica as pequenas pecinhas que fizeram a revolução digital: os microprocessadores que alimentam nossos computadores. Agora, a multinacional americana quer introduzir no mercado uma nova categoria de máquinas, batizadas ultrabooks, híbridas de notebook, tablet e netbook.
O novo dispositivo quer herdar a capacidade de processamento do notebook, a tela sensível ao toque do tablet e, do netbook, leve e pequeno, a praticidade. Lá fora, o dispositivo – concebido pela Intel, mas fabricado por terceiros – pode ser comprado por valores a partir de 1.000 dólares. Agora, ele começa a chegar ao Brasil.
"As primeiras máquinas são importadas, mas empresas nacionais já sinalizaram interesse em desenvolvê-las por aqui. Isso vai aumentar a oferta de modelos e reduzir os preços", diz Fernando Martins, presidente da Intel no Brasil, um pesquisador que ascendeu ao posto de executivo. A nova categoria não surge, é claro, à toa.
Seu desenvolvimento foi motivado por pesquisas que revelaram que o consumidor busca uma máquina leve, com poder de processamento e grande autonomia – ou seja, uma boa bateria. "Assim nasceu a nova categoria", diz Martins. Em 2012, o ultrabook vai ganhar ainda um reforço: o processador batizado Ivy Bridge, ainda mais potente, que consome menos energia e, portanto, dá mais autonomia aos computadores. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
O ultrabook é a grande aposta da Intel para 2012. Como o Ivy Bridge contribuiu para o desenvolvimento da nova categoria? Estamos completando 40 anos da introdução do 4004, nosso primeiro microprocessador. Ele tinha 2.300 transistores e ocupava 2,5 milímetros quadrados de área.
Atualmente, no mesmo espaço, graças aos avanços da microeletrônica, cabem até 1 bilhão de componentes. Com o Ivy Bridge, esse numero será ainda maior. Essa evolução permitirá desenvolver máquinas compactas, com alto desempenho e mais econômicas: elas poderão ficar ligadas o tempo todo.
Assim, poderão "enxergar" tudo o que acontece à nossa volta: elas nos avisarão sobre a situação do trânsito, por exemplo, e qual o melhor horário para sair de casa ou do trabalho, além de sincronizarem nossos e-mails, mesmo quando estiverem guardadas na mochila. O impacto na vida das pessoas será tremendo. Por isso, a Intel ganhou o prêmio de Inovação do Ano do Wall Street Journal.
O ultrabook chegou às lojas dos Estados Unidos no fim de 2011. Como serão as vendas no Brasil? O processo de comercialização será dividido em três etapas. Na primeira, serão comercializadas no Brasil máquinas com os chips atuais. A segunda, prevista para 2012, será implementada com o processador Ivy Bridge.
Já a terceira geração virá com o processador Haswell, que exigirá aprimoramentos de software. Essa última implementação permitirá que a máquina permaneça funcionando por muito mais horas com apenas uma carga de energia. O ultrabook é tudo o que o consumidor quer.
Quem fabrica os ultrabooks?
Temos vários parceiros já alinhados, como Acer, Asus, Dell, HP e Lenovo, entre outras marcas. Todos os fabricantes estão interessados, inclusive os nacionais. Esperamos ter uma grande fração mundial do mercado no final de 2012. No Brasil, a introdução será com base em algumas máquinas, que já estão por aí.
No ano que vem, contudo, teremos maior diversidade. As primeiras unidades são importadas e, por isso, o preço não é competitivo. A fabricação local, que pode começar a qualquer momento, diminuirá esse valor.
O mercado tem insistido em comparar o ultrabook ao MacBook Air, da Apple. Faz sentido?
O MacBook Air tem nosso processador e não é visto pela Intel como um competidor. O produto da Apple está inserido na categoria notebook e não preenche os requisitos de um ultrabook. Vários fabricantes possuem modelos finos e elegantes, mas eles, de forma análoga, não são considerados ultrabooks porque não possuem uma resposta rápida, recursos de segurança anti-roubo e capacidade de estarem sempre conectados. Alguns quesitos são fundamentais para que um computador carregue a marca ultrabook.
Os ultrabooks rodarão quais sistemas operacionais?
Todos. A política na Intel é muito clara: o fabricante decide qual é a melhor configuração para sua plataforma. As máquinas poderão rodar um sistema operacional próprio, como é o caso do MacBook Air, ou ainda Linux, uma variação de Android ou Windows. A diversidade é muito importante.
Muitos executivos possuem uma formação baseada em negócios, mas o senhor veio da área de pesquisas. Ser um cientista ajuda ou atrapalha na hora de exercer um cargo executivo? O planejamento estratégico é uma questão do gerenciamento da Intel.
“Qual será a próxima geração de processadores?”
Definir isso é o objetivo do nosso negócio. As invenções estão lá no laboratório.
Mesmo atuando na área de pesquisa, trabalhei em projetos especiais, como a aquisição da Mcafee.
Essa foi uma decisão estratégica e não puro negócio. E por que isso?
Porque a segurança se tornará algo primordial entre os usuários da internet da próxima geração, que deixarão suas pegadas digitais em todos os dispositivos. No caso da Intel, especificamente, as duas formações – negócio e pesquisa – são complementares.
Como vai a operação da Intel no Brasil?
A nossa função é acelerar a inovação no país. Então, nosso objetivo é criar novas tecnologias, identificar necessidades e oferecer soluções. Se a Intel cria uma tecnologia que pode levar benefícios para os bancos, por exemplo, a companhia se aproxima dessas empresas, convida os executivos para conhecer a solução e promove treinamentos.
O mesmo acontece com o governo. Neste ano, apresentamos um tablet voltado à educação. Não iremos vender esse dispositivo, mas mostramos para a sociedade que é possível utilizar um gadget no ensino.
Revista VEJA online. Renata Honorato


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