Eleições 2012
Serra usa experiência como trunfo sobre Haddad. Em evento para oficializar sua candidatura, ele disse ser seu sonho administrar São Paulo. Aloysio Nunes chamou candidato do PT de urso adestrado
A coligação formada por PSDB, PSD, DEM, PR e PV oficializou neste domingo a candidatura do tucano José Serra a prefeito de São Paulo. Em evento para 3 000 pessoas em um ginásio na zona sul da capital, Serra apresentou os anos de experiência – na vida e na política - como seu grande trunfo sobre o adversário Fernando Haddad, do PT.
Serra completou 70 anos. Haddad tem 49. A campanha do PT tem usado a pouca idade de seu candidato para vender a ideia de que ele simboliza o novo para São Paulo. “O tempo não desgasta os que plantam sonhos no coração das pessoas.
Experiência é virtude”, afirmou Serra. “Não estou aqui para experimentar, para tentar fazer, mas para levar São Paulo para frente.” 
O candidato tucano centrou suas críticas na ex-prefeita da cidade Marta Suplicy, do PT, e evitou referências diretas a seu oponente desta eleição. Serra rememorou em discurso de 40 minutos a situação em que encontrou a prefeitura quando sucedeu Marta, em 2005. Falou do caixa vazio, da fila de credores, das escolas de lata e do turno da fome nas escolas da capital.
“Substituímos o gogó por melhorias efetivas. Trabalhamos duro para recuperar São Paulo e pusemos as finanças em ordem”, disse o tucano. “Nesta campanha vocês vão ouvir os adversários falarem mal de São Paulo, gente que sequer a conhece, que fez pouco ou nada por ela. Eles não passarão.” 
Coube aos senadores tucanos Aloysio Nunes e Alvaro Dias desferir ataques frontais a Haddad. O governador Geraldo Alckmin engrossou o coro.
“São Paulo não é a terra da rendição, é a terra da resistência; não é a terra do mandonismo, é a terra da liberdade; São Paulo não é a terra de candidato tirado do bolso de colete, São Paulo é a terra do povo. E Serra é o candidato do povo”, afirmou o governador. 
Alvaro Dias classificou como uma “lambança” a atuação do candidato petista no comando do Ministério da Educação. “Haddad deixa um legado de mentira, falsificação e incompetência na educação brasileira”, disse o líder do PSDB no Senado. Aloysio comparou o adversário a um animal que cumpre as ordens de seu mestre.
“A democracia, que está no nome do PSDB, é o que nos diferencia do partido que comanda o governo federal. Lá as pessoas são obrigadas a obedecer a vontade do dono do partido. Ele impôs um candidato oficial que desfila por aí como um urso adestrado, levado pela coleira.” 
Sonho de ser prefeito
Depois de dizer em março que o sonho de ser presidente da República estava adormecido – ele já concorreu duas vezes ao cargo –,  Serra foi taxativo neste domingo: “Meu sonho é voltar a ser prefeito da cidade que eu amo. Eu me preparei a vida toda para servir ao povo, seja em qual trincheira for.” O tucano sabe que enfrentará durante a campanha a desconfiança sobre sua permanência, se eleito, na cadeira de prefeito até o fim do mandato. Ele nega a possibilidade de deixar a prefeitura para se candidatar a presidente em 2014. 
Serra evocou a importância do trabalho em parceria entre a prefeitura e o governo do estado. Haddad vem tentando vender a imagem de que sua eleição será melhor para São Paulo porque ele é do mesmo partido da presidente Dilma Rousseff.
“São Paulo tem duas prefeituras, a municipal e a estadual. O governador é o prefeito grande. O que pode haver de melhor para São Paulo do que o entrosamento total entre governador e prefeito, entre Alckmin e eu?”, disse.
“O governo federal arrecada 143 bilhões de reais na cidade de São Paulo e devolve a ela menos de 2 bilhões de reais. Só um prefeito independente pode pressionar para ampliar essa devolução.”

Script rígido
Serra deixou o encontro sem falar com ninguém, em meio a um tumulto entre seguranças, militantes e jornalistas. A justificativa oficial dos assessores do tucano é que declarações de uma entrevista coletiva desviariam o foco do que foi dito no discurso.
Na prática, Serra opta por sair sem falar para evitar ser alvo de perguntas sobre assuntos delicados, como o nome de seu vice, ainda indefinido, ou rusgas internas do PSDB. A estratégia teve um efeito colateral: militantes que atravessaram a cidade para ver Serra de perto saíram da convenção frustrados com o script rígido, que não abriu espaço para (e até mesmo pareceu temer) um contato mais espontâneo com o candidato.
Revista VEJA online. Carolina Freitas. Fotos Divulgação. O candidato à Prefeitura de São Paulo José Serra durante convenção do PSDB (Nelson Antoine/Fotoarena).

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