Cientistas americanos encontram
provas de que a ‘partícula de Deus’ existe.
São
Paulo - Físicos do Laboratório Nacional Acelerador Fermi, vinculado
ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, anunciaram nesta segunda-feira que encontraram a mais
forte evidência até agora da existência de um corpo subatômico conhecido como
"partícula de Deus", ou bóson de Higgs.
A evidência
surgiu com subprodutos da colisão de partículas no acelerador americano
Tevatron disseram os cientistas. "Nossas informações apontam fortemente
para a existência do bóson de Higgs, mas precisamos dos resultados dos
experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC ou acelerador de partículas).
Na Europa
para confirmar uma descoberta", declarou Rob Roser, porta-voz do
laboratório nacional americano Fermilab (Fermi National Accelerator
Laboratory), no estado de Illinois (norte). Os resultados do LHC serão
anunciados na quarta-feira.
Imagem
mostra candidato a bóson de Higgs contendo dois fótons de alta energia
(representados por torres em vermelho). As linhas amarelas são as trajetórias
de outra colisão | Foto: Reprodução Internet.
Os
resultados do Tevatron indicam que a partícula de Higgs, se é que existe, tem
uma massa entre 115 e 135 gigaeletronvolts (GeV/c2), em torno de 130 vezes a
massa do próton.
Baseado em
dois experimentos, conhecidos como CDF e DZero, a equipe de especialistas
descobriu que há apenas uma chance em 550 de que o sinal encontrado seja
meramente um acaso estatístico.
No entanto,
a importância estatística do sinal, de 2,9 sigmas, não é suficientemente forte
para atingir o limiar requerido de cinco sigmas para afirmar que uma partícula
foi descoberta.
"Demos
um passo crucial na busca pelo bóson de Higgs", declarou Dmitri Denisov,
porta-voz do DZero e físico do Fermilab.
"Ninguém
esperava que o Tevatron conseguisse isso quando foi construído na década de
1980".
Enquanto isso, em Genebra...
No entanto,
após décadas de pesquisa e bilhões de dólares investidos, pesquisadores do
Cern, responsável pelo LHC, ainda não estão prontos para dizer que descobriram de
fato a partícula. Especialistas familiarizados com a pesquisa do Cern dizem que
os dados obtidos vão mostrar vestígios do bóson de Higgs, provando que ele
existe, mas não permitindo afirmar que ele foi efetivamente visto.
As
experiências na Europa apresentaram em dezembro de 2011 "provocadores
indícios" de que a elusiva partícula estava escondida em uma estreita
faixa de massa.
O LHC
mostrou uma possível faixa do bóson de Higgs entre 115 e 127 gigaeletronvolts
(GeV). O GeV é a medida padrão para a massa das partículas subatômicas. Um
GeV é equivalente a massa aproximada de um próton.
Os
experimentos realizados nos Estados Unidos se aproveitaram desses resultados,
ainda que analisando uma faixa um pouco maior. Cientistas sêniores do Cern
afirmam que as duas equipes que planejam apresentar os resultados do trabalho
nesta quarta-feira estão tão fechadas que é impossível saber de alguma coisa
sobre a descoberta.
“Eu concordo
que qualquer observador de fora diria que ‘isto parece como uma descoberta’”,
disse o físico teórico John Ellis, professor da King's College London, que tem
trabalha no Cern desde 1970. “Nós descobrimos alguma coisa que é consistente
para ser o bóson de Higgs”.
A partícula
de Higgs recebeu este nome após o físico Peter Higgs, que, entre outros físicos
na década de 1960, ajudou a desenvolver o modelo teórico que explica por que
algumas partículas têm massa e outras não, uma etapa importante para entender a
origem do Universo.
Para físicos
de partículas, encontrar o bóson de Higgs seria essencial para confirmar este
modelo teórico, e, consequentemente, como o universo foi formado.
Equipes em busca do bóson de Higgs
Apenas
grandes colisores de partículas como o Tevatron do Fermilab - que teve as
atividades encerradas em setembro de 2011 – e o LHC têm a chance de produzir a
partícula de Higgs. Cada uma das duas equipes conhecidas como ATLAS e CMS
envolve milhares de pessoas que trabalham de forma independente para garantir a
precisão.
Rob Roser,
que lidera as pesquisas sobre o bóson de Higgs no Fermilab, em Chicago, afirmou
que os físicos de partículas têm um padrão muito alto para o que é preciso e
para o que é considerado uma descoberta.
Roser
compara a os resultados que os cientistas vão anunciar na quarta à descoberta
de marcas fossilizadas de um dinossauro. “Você vê as pegadas e as sombras do
objeto, mas não o vê de fato”, disse.
Cientistas
com acesso para os novos dados do CERN dizem que eles mostram um alto grau de
certeza de que o bóson de Higgs já pode ter sido vislumbrado e que,
oficialmente, combinando os resultados separados de ATLAS e CMS, pode-se
argumentar que uma descoberta efetiva está muito próxima.
"É um
verdadeiro suspense", afirmou o porta-voz do DZero, Gregorio Bernardi,
físico do Laboratório de Física Nuclear e de Alta Energia da Universidade de
Paris VI e VII. "Estamos muito empolgados com isso".
Jornal O DIA online. As informações são do IG.
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