Quase
40% dos brasileiros com ensino superior têm nível insuficiente em leitura e
escrita.
Menos
de 30% da população são plenamente alfabetizados, diz pesquisa.
A maior parte da população (47%) apresenta
nível de alfabetização básico.
Apenas
35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente
alfabetizadas e 38% dos brasileiros com formação superior têm nível
insuficiente em leitura e escrita. É o que apontam os resultados do Indicador
do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, pesquisa produzida pelo Instituto
Paulo Montenegro (IPM) e a organização não governamental Ação Educativa.
A
pesquisa avalia, por meio de entrevistas e um teste cognitivo, a capacidade de
leitura e compreensão de textos e outras tarefas básicas que dependem do
domínio da leitura e escrita.
A
partir dos resultados, a população é dividida em quatro grupos: analfabetos,
alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e plenamente
alfabetizados.
Criado
em 2001, o Inaf é aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e
64 anos.
Os
resultados da última edição do Inaf mostram que apenas 26% da população podem
ser consideradas plenamente alfabetizadas – mesmo patamar verificado em 2001,
quando o indicador foi calculado pela primeira vez.
Os
chamados analfabetos funcionais representam 27% e a maior parte (47%) da
população apresenta um nível de alfabetização básico.
“Os
resultados evidenciam que o Brasil já avançou, principalmente nos níveis
iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do
pleno domínio de habilidades que são hoje condição imprescindível para a
inserção plena na sociedade letrada”, aponta o relatório do Inaf 2011-2012.
O
estudo também indica que há uma relação entre o nível de alfabetização e a
renda das famílias: à medida que a renda cresce, a proporção de alfabetizados
em nível rudimentar diminui.
Na
população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, 52% são
considerados plenamente alfabetizados. Na outra ponta, entre as famílias que
recebem até um salário por mês, apenas 8% atingem o nível pleno de
alfabetização.
De
acordo com o estudo, a chegada dos mais pobres ao sistema de ensino não foi
acompanhada dos devidos investimentos para garantir as condições adequadas de
aprendizagem.
“O
esforço despendido pelos governos e também pela população de se manter por mais
tempo na escola básica e buscar o ensino superior não resulta nos ganhos de
aprendizagem esperados. Novos estratos sociais chegam às etapas educacionais
mais elevadas, mas provavelmente não gozam de condições adequadas para
alcançarem os níveis mais altos de alfabetismo, que eram garantidos quando esse
nível de ensino era mais elitizado.
A
busca de uma nova qualidade para a educação escolar em especial nos sistemas
públicos de ensino deve ser concomitante ao esforço de ampliação de escala no
atendimento para que a escola garanta efetivamente o direito à aprendizagem ”,
afirma o relatório.
Segundo
dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de
30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos médio e superior entre 2000 e
2009. Para a diretora do IPM, Ana Lúcia Lima, o aumento foi bom, pois
possibilitou a difusão da educação em vários estratos da sociedade.
No
entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do crescimento acelerado.
"Algumas
universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos
qualificado por uma questão de sobrevivência", afirma. "Se houvesse
demanda por conteúdos mais sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma."
Para a
coordenadora-geral da Ação Educativa, Vera Masagão, o indicativo reflete a
"popularização" do ensino superior sem qualidade.
"No
mundo ideal, qualquer pessoa com uma boa 8ª série deveria ser capaz de ler e
entender um texto ou fazer problemas com porcentagem, mas no Brasil ainda
estamos longe disso."
Segundo
Vera, o número de analfabetos só vai diminuir quando houver programas que
estimulem a educação como trampolim para uma maior geração de renda e
crescimento profissional.
"Existem
muitos empregos em que o adulto passa a maior parte da vida sem ler nem
escrever, e isso prejudica a procura pela alfabetização", afirma.
Confira quais são os
quatro níveis de alfabetização identificados pelo Inaf 2011-2012:
Analfabetos:
Não
conseguem realizar nem mesmo tarefas simples que envolvem a leitura de palavras
e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares.
Alfabetizados
em nível rudimentar:
Localizam
uma informação explícita em textos curtos, leem e escrevem números usuais e realizam
operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas
quantias.
Alfabetizados
em nível básico:
Leem e
compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas
inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo
uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade.
Alfabetizados
em nível pleno:
Leem
textos mais longos, analisam e relacionam suas partes, comparam e avaliam
informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses.
Resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo
percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas, mapas e
gráficos.
AC. REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA BRASIL E AGÊNCIA ESTADO. (Foto: Sxc.hu).
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