Alimentação
Genética e alimentos saudáveis são mais importantes para garantir mais anos de vida, segundo pesquisa americana.
Macaco da espécie rhesus: apesar de não aumentar longevidade, restrição calórica demonstrou ter efeitos positivos na redução de casos de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares (Ed Jones/AFP).
Uma dieta com 30% a menos de calorias não garante um aumento da expectativa de vida, como sugeriam pesquisadores, segundo um estudo realizado com 121 macacos da espécie rhesus, publicado nesta quarta-feira na revista científica britânica Nature.
O estudo contradiz as pesquisas realizadas no passado em camundongos e ratos e que estabeleciam uma relação entre a restrição alimentar e a longevidade.
Nenhuma pesquisa deste tipo foi realizada, até agora, em seres humanos. Contudo, essa dieta permite que os macacos desfrutem de uma saúde melhor, com menos casos de enfermidades cardiovasculares, câncer e diabetes.

Resultado: 
A dieta com restrição calórica não tem efeito imediato sobre a longevidade, mas mostrou impacto positivo sobre a saúde: os macacos desenvolveram menos câncer, diabetes e enfermidades cardiovasculares.
Durante 25 anos, os pesquisadores do Instituto Americano de Envelhecimento (National Institute on Aging — NIA) submeteram 121 macacos rhesus de pesos "normais" a restrições calóricas de 30%, alguns deles desde sua juventude (de 1 a 14 anos) e outros já em idade avançada e depois compararam os resultados obtidos com um grupo de controle.
Não foi observada nenhuma diferença notável referente à longevidade entre os diferentes grupos de macacos, cuja expectativa de vida em cativeiro supera a de animais em liberdade, com uma média de 27 anos.
Impacto positivo
A restrição de calorias em idade avançada, contudo, teve um impacto positivo sobre o metabolismo, especialmente no índice de colesterol nos machos.
Os  macacos tratados em sua juventude desenvolveram menos casos de câncer e de enfermidades cardiovasculares ou sofreram casos de diabetes mais tarde que no grupo de controle.
"Esses resultados não tiveram um efeito imediato sobre a longevidade", declarou Rafael de Cabo, um dos autores do estudo.
Comida saudável —
O estudo do NIA, que contradiz os resultados de uma experiência em curso do laboratório de Wisconsin National Primate Research Center (WNPRC) que mostrou que a longevidade aumentava nos macacos rhesus submetidos à mesma restrição calórica, não antecipou nenhuma explicação.
Segundo Ricki Colman, coautor deste último estudo (WNPRC), a diferença poderia ser explicada pela composição da comida dada aos macacos do grupo de controle. Os macacos do grupo de controle NIA desfrutaram de uma alimentação "particularmente saudável", com vitaminas e complementos minerais, o que poderia explicar uma duração de suas vidas similar a do grupo de controle.
Por outro lado, os macacos do grupo de controle WNPR podiam se alimentar do que queriam, como acontece com o ser humano.
O pesquisador do WNPRC também não excluiu que a genética pode ter algum papel nas diferenças de longevidade que ele observou.
(Com Agência France-Presse)
Revista VEJA ONLINE.

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