Estudo é da Universidade de Seul. O INCA também divulgou, nesta quarta-feira, Dia Nacional de Combate ao Fumo, pesquisa que mostra que narguilé equivale a 100 cigarros
CHANCES PODEM diminuir se o consumidor largar o vício.
Fumar 20 cigarros por dia dobra os riscos de uma morte por ruptura de aneurisma. É o que mostra estudo da Universidade de Seul, na Coreia do Sul. O ato de tragar um cigarro engrossa o sangue e leva à pressão arterial, o que pode ocasionar o problema.
Um aneurisma é a dilatação vascular de uma artéria. O perigo está no fato desta se romper, o que afeta os tecidos irrigados pelo sangue transportado.
Neste caso, as chances de sobrevivência são de 50% e os que conseguem podem viver com algum tipo de incapacidade o resto da vida.
Os pesquisadores tiveram como base dados de 426 casos de hemorragia cerebral recolhidos de 33 hospitais coreanos entre 2002 e 2004. As informações foram comparadas com outras 426 pessoas (de acordo com idade e gênero sexual) que não passaram pelo mesmo problema.
No primeiro grupo, o número de fumantes chamou a atenção. Eram consumidores 38%, enquanto do outro lado eram 24%.
As chances, porém, podem diminuir se o consumidor largar o vício. Mais especificamente, 59% após cinco anos de diminução gradativa do hábito.
A medida, no entanto, pode não ter efeito para quem era fumante inveterado, devido a possíveis danificações irreversíveis das paredes das artérias.
Uma hora de narguilé equivale a 100 cigarros.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) também divulgou nesta quarta-feira, no Dia Nacional de Combate ao Fumo, um estudo que desfaz a crença de que tabaco fumado com narguilé seja menos prejudicial à saúde.
Uma hora de uso do produto equivale a tragar 100 cigarros.
De acordo com o pneumologista da Divisão de Controle do Tabagismo do órgão, Ricardo Henrique Meirelles, em uma sessão de uma hora o fumante pode inalar 1 mil ml de fumaça. Já o volume de tragadas do cigarro alcança 30 a 50ml entre cinco a sete minutos.
— Uma simples sessão de narguilé consiste em uma centena de ciclos de tragada — alerta o especialista.
O narguilé contém nicotina e as mesmas 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional. Análises mostram, porém, que sua fumaça contém quantidades superiores de nicotina, monóxido de carbono, metais pesados e substâncias cancerígenas.
— Por desconhecimento dos usuários, a presença da água faz com que se aspire ainda mais a fumaça, dando a impressão de que o organismo fica mais tolerante, o que é errado. Desse modo, a pessoa vai inalando uma quantidade muito maior de toxinas, sem sentir tanto incômodo — afirma Meirelles.
O narguilé é um grande cachimbo composto de um fornilho (onde o fumo é queimado), um recipiente com água perfumada e um tubo, por onde a fumaça é aspirada pelas várias pessoas que compartilham uma sessão.
O cachimbo de origem oriental tem quase 300 mil consumidores no país, de acordo com a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), realizada em 2008 pelo IBGE.
Ontem, véspera do Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Ministério da Saúde revelou que a ansiedade é o principal fato que faz as pessoas voltarem a fumar.
O que geralmente se suspeita, o órgão, em parceria com o Hospital do Coração (HCor, de São Paulo), prova com os resultados parciais de um estudo que busca identificar a maneira mais eficaz de combater o tabagismo.
Os números divulgados mostraram que 40,2% dos 179 voluntários (na faixa etária entre 35 e 40 anos) que passaram por tratamento de reposição de nicotina, iniciado há quatro meses, não conseguiram se livrar do vício. Destes, 64,1% apresentaram alto grau de ansiedade em exames psicológicos.
Conheça os efeitos do cigarro no organismo
— Nestas pessoas, a vontade de combater o vício ainda não está muito apurada. É uma luta difícil. A pessoa precisa de ajuda profissional, mas precisa se dedicar também e lutar por esse objetivo — explica Silvia Cury, coordenadora da pesquisa pelo HCor.
Durante o estudo, que está previsto para terminar em dezembro deste ano, 69 estão no grupo que recebeu o tratamento de reposição de nicotina e 110 no que, além da reposição, contou com apoio psicológico.
O objetivo é poder apontar, ao final da pesquisa, qual o melhor método para combater o vício do cigarro.
Outros fatores que podem estimular a volta ao fumo são o estresse, a depressão e até o gênero sexual. Segundo Silvia, as mulheres têm mostrado uma tendência maior à ansiedade, o que as deixa com mais chances de retomar o vício.
— Ainda não temos dados concretos porque a pesquisa não terminou. Já é possível, no entanto, investigar melhores meios de pôr um freio na ansiedade de determinas pessoas. Talvez elas precisem de mais sessões de terapia — acredita a pesquisadora.
Hoje, de acordo com o Ministério da Saúde, o tabagismo atinge 32 milhões de brasileiros e é responsável por 200 mil mortes por ano no país. Em termos globais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da população adulta (1,2 bilhão de pessoas) é fumante.
Representante da comissão de tabagismo da Sociedade de Pneumologia do Rio de Janeiro, Alessandra Costa acrescenta que a dependência química é apenas uma parte do problema para quem deseja abandonar o fumo.
— Há também as dependências psicológica e comportamental. Não é fácil abandonar um hábito de anos. Precisa-se escolher, portanto, uma maneira de combater questões como a ansiedade e o estresse. Pode ser através de medicamentos e terapias.
Jornal O GLOBO online. FELIPE SIL. foto: Thinkstok.

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