Endividamento é resultado da combinação entre juros
altos, falta de planejamento nas finanças e as facilidades em se obter crédito.
Cartão é outra fonte de
problemas à saúde financeira das famílias.
As famílias brasileiras,
em especial as de classe C, estão mais endividadas que o recomendado pelos
especialistas. Estudo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(Proteste) mostra que as dívidas comprometem, em média, 42% da renda familiar,
sendo que o limite ideal é de 30%.
Na avaliação do órgão, esse
grau de comprometimento é resultado da combinação de juros altos, falta de
planejamento nas finanças e facilidades em se obter crédito.
A Proteste entrevistou
200 famílias nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, concentradas
principalmente entre as classes C (60,5% da amostra) e B (27,5%). A renda e
dívida médias apuradas foram de 2.401 reais e 1.009,45 reais, respectivamente.
Desdobrado, o dado
mostra que a maior parte (56,6%) tem dívidas de até 500 reais. Uma parcela
considerável (38%), porém, deve mais de R$ 5 mil, o que explica a média situada
em R$ 1 mil.
Um quinto dos
pesquisados dizem que contraíram uma nova dívida desde abril, sendo que quase
metade desse porcentual o fez para quitar outros débitos. Entre dívidas
assumidas há mais tempo, 30% dos entrevistados disseram que ainda estão
inadimplentes, mas a expectativa é quitar os valores no médio prazo.
Os valores devidos
impactam na qualidade de vida dos entrevistados: 57% dizem que limitaram os
gastos em lazer, cultura, diversão ou consumo de bens, entre outros.
O uso cartão de crédito
é outra fonte de problemas à saúde financeira das famílias – 38,1% delas
afirmaram não conseguir pagar as faturas na data de vencimento, sendo que o
gasto médio é de até 500 reais. Com isso, elas entram na modalidade mais cara
de endividamento.
Em outro levantamento
recente, o Proteste mostrou que o juro do cartão de crédito pode chegar a 323%
ao ano no país – a maior taxa cobrada entre seis países da América Latina.
O órgão também calculou
o Custo Efetivo Total (CET) das dívidas, que considera o valor do crédito
concedido, o número de parcelas, a taxa de juros, tributos, tarifas, entre
outros custos decorrentes das operações de crédito.
A conclusão é de que
esse indicador chega a 197,47% ao ano, quando considerado a média das dívidas,
e a 189,19% ao ano entre as famílias. Para fazer a simulação, não foram
considerados os financiamentos imobiliários e parcelamentos sem juros.
"Essa alta taxa de
juros tem relação direta com a quantidade de financiamentos assumidos pelas
famílias, visto que foi declarado como principal motivo para contratar um novo
empréstimo o fato de não terem conseguido pagar dívidas ou empréstimos
anteriores", disse a Proteste na divulgação da pesquisa.
O estudo também aponta
que o crédito de consumo e informalidade também são marca do mercado de crédito
brasileiro. Entre os 10 principais credores, as pessoas físicas (como amigos ou
parentes) ocupam o quarto lugar. Na lista há ainda quatro bancos e cinco lojas.
(com
Agência Estado)
Revista VEJA online. (Werther Santana).

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