Para a Grã-Bretanha, a decisão do Quito de conceder
asilo político ao fundador do site WikiLeaks não muda obrigação de extradição.
O Equador
concedeu asilo diplomático a Julian Assange, refugiado na embaixada do país em
Londres, por considerar que existem riscos para sua integridade e sua vida em
consequência das revelações feitas no site Wikileaks, anunciou o chanceler
Ricardo Patiño nesta quinta-feira (16).
"O
Equador decidiu conceder asilo diplomático a Julian Assange", afirmou
Patiño ao ler uma declaração na sede do ministério das Relações Exteriores em
Quito.
"Caso
aconteça uma extradição para os Estados Unidos, o senhor Assange não terá um
julgamento justo, poderá ser julgado por tribunais especiais ou militares e não
é inverossímil que receba um tratamento cruel e degradante, e que seja
condenado à prisão perpétua ou à pena capital, com o que não seriam respeitados
seus direitos humanos", disse Patiño.
O chanceler
destacou que, após quase dois meses de "diálogo do nível mais
elevado" com os governos dos Estados Unidos, Reino Unido e Suécia, seu
país tem "sérios indícios da possibilidade de retaliações contra Assange,
que podem colocar em risco sua integridade, segurança e inclusive sua
vida".
Na
argumentação, o Equador considera que se Assange "for levado para a prisão
preventiva na Suécia, terá início uma série de eventos que impediriam evitar
uma extradição" para um terceiro país, como os Estados Unidos.
Mas para a Grã-Bretanha, a decisão do Equador de
conceder asilo político ao fundador do site WikiLeaks não muda nada, destacou o
Foreign Office (chancelaria britânica), que voltou a destacar que as
autoridades britânicas têm obrigação de extraditá-lo para a Suécia.
"Estamos decepcionados com a decisão de
Quito", afirma um comunicado do Foreign Office. "Mas, de acordo com
nossa legislação, já que Assange esgotou todas as possibilidades de recurso, as
autoridades britânicas estão obrigadas a extraditá-lo para a Suécia".
Além disso, a diplomacia britânica destacou que
ainda busca uma solução negociada que permita cumprir com as obrigações dentro
do tratado de extradição.
Em sua
primeira reação, o governo da Suécia rejeitou qualquer acusação de que sua
justiça não garante os direitos de defesa. "Nosso sólido sistema jurídico
e constitucional garante os direitos de todos.
Rejeitamos
com firmeza qualquer acusação que sugira o contrário", escreveu o ministro
das Relações Exteriores sueco, Carl Bildt, no Twitter.
O fundador
do site WikiLeaks entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho,
depois de esgotar todas as opções legais contra um pedido de extradição à
Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, o que ele nega.
Assange teme
que uma eventual deportação para a Suécia abra as portas para uma nova
deportação, desta vez para os Estados Unidos, onde ele responderia por
acusações de espionagem em consequência das revelações de centenas de milhares
de telegramas diplomáticos e documentos de Washington sobre as guerras do
Iraque e Afeganistão.
Revista ISTOÉ online. AFP.

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