No Carnaval da crise, o hit dos blocos é a bebida que vem de
casa.
Com latas e garrafas de cerveja e água sendo vendidas a 5 reais
nas ruas, foliões preferiram levar coolers e caixas térmicas abastecidas com
seus próprio drinques
No Carnaval da crise, o jeito foi beber sem deixar de
economizar. Para não começar o ano no vermelho, muitos foliões que acompanharam
os blocos de rua no Rio de Janeiro e em São Paulo - onde as latas e garrafas de
cerveja e água eram vendidas a 5 reais, em média -, decidiram levar a bebida de
casa em caixas térmicas e coolers.
No sábado, no bloco do Sidney Magal, em São Paulo, um grupo de
amigos arrastava com uma corda um carrinho com um cooler. "Sai muito mais
barato, a gente compra latas maiores por quase a metade do preço que vendem
aqui. Trazer de casa também é garantia de que a bebida vai estar gelada",
disse Pedro Fagundes, de 26 anos.
Quando questionado se não dá trabalho levar a caixa térmica
pelas ruas, outro amigo respondeu: "É só não tentar passar pela multidão,
e dá até pra vender algumas cervejas para galera e comprar mais para a gente
depois", contou Augusto Reis.
Outra foliã, que estava no mesmo bloco, preferiu trazer as
bebidas de casa pois não tem paciência para procurar um vendedor. "Prefiro
ficar sossegada no meu canto e trazer meu próprio cooler, onde coloco, além de
cerveja, energético e sucos, que a gente não encontra vendendo por aí.
Além de economizar, o que nessa época é sempre bom", disse
Maria Inês Castro, de 37 anos, que compartilhava as bebidas com as irmãs.
Para o capixaba Renato Santos e Silva, 35 anos, que curtiu o
Carnaval carioca pela primeira vez, o custo da viagem já é muito alto,
portanto, a solução encontrada para cair na folia sem gastar muito foi carregar
um isopor pelos blocos. "Só de aluguel do apartamento que estamos em
Copacabana gastamos 4 000 reais.
Estamos em quatro pessoas. Mais alimentação, ingressos para ver
os desfiles no Sambódromo, táxi e tantos outros custos que o nosso orçamento
estourou no primeiro dia. Por isso, fomos até um supermercado e compramos a
caixinha de isopor. Todos os dias voltamos e compramos mais bebidas e gelo.
Estamos economizando muito."
A advogada Carolina Moreira, 26 anos, carregou uma lancheira com
sua bebida preferida, a caipirinha, ao pular o Carnaval no Rio. "Nos
blocos de rua você não encontra caipirinha para vender e, quando compra em um
bar próximo do bloco, o preço é absurdo.
O mais barato que eu consegui encontrar foi 12 reais, um
copinho, e eles usam qualquer cachaça que depois dá uma ressaca danada. Eu faço
a minha com uma cachaça boa, trago 1 litro para o bloco e gasto 30 reais."
Muitos foliões ainda tentavam negociar com os ambulantes - que
aceitam até cartão de crédito e vale-refeição - para conseguir um desconto na
hora de comprar as bebidas. O estudante Fernando Basso, de 22 anos, chegou ao
Bloco BregsNice, na segunda-feira em São Paulo, já preparado.
"Eu trago essa sacola térmica vazia, para comprar várias
latas de uma vez. Combino um preço menor por unidade, aí não preciso carregar
tanto peso como se trouxesse de casa e também não preciso beber correndo para
não esquentar", contou.
Teve folião que começou a preparação semanas antes do Carnaval,
como é o caso da estudante Érica Isidoro, de 25 anos, que duas semanas antes do
feriado já começou a fazer um estoque da sua bebida favorita, a catuaba, para
curtir a festa em São Paulo. "No ano passado, acabou a catuaba nos
mercados perto de casa ou eu encontrava muito mais caro só porque era Carnaval.
Desta vez, eu resolvi já me preparar, comprar antes e trazer
geladinha de casa", disse, ostentando a sacola térmica que continha três
garrafas.
Por: Mônica
Garcia e Rafael Aloi. Foto: Bloco Sargento Pimenta(Edson Lopes Jr/VEJA.com).
Revista VEJA
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