A prisão de Lula é iminente. Os tumultos no país, também.
Não há dúvida de que a prisão de Lula está mais próxima do que
nunca. Ao que tudo indica, pelas informações disponíveis neste momento,
Delcídio Amaral, ex-líder do governo, deu informações graves sobre o
ex-presidente, especialmente afirmando que ele teria sido o mentor de
pagamentos ilícitos a Nestor Cerveró.
Isso significa que Lula pode ser visto como atrapalhando as
investigações, tentando calar testemunhas.
Já aprendemos na prisão de Delcídio, em novembro passado, que
tentar prejudicar a investigação é um crime permanente, que justifica prisão em
flagrante.
Não há como saber se Lula será enquadrado assim: só os
documentos encontrados em sua casa e nos computadores poderão dizer se há
provas para tanto.
Nas primeiras horas desta sexta-feira, com a condução coercitiva
de Lula para testemunho, já deu para se ter uma ideia do clima que haverá no
país em caso de prisão.
Nem se compara com o que houve com Collor. Collor, no
impeachment, era um presidente morto, sem apoio, sem militância, sem partido. E
nunca foi preso.
A condução coercitiva e a busca e apreensão de Lula já
arrepiaram os pelos de muita gente, elevaram os ânimos.
Gente do PT falando em golpe. O próprio partido dizendo que não
pode deixar isso barato. Gente do outro lado comemorando violentamente a queda
de Lula.
Gente trocando socos na frente da casa do ex-presidente.
Tumulto no aeroporto. Imagine na prisão.
Lula é muito maior do que Collor, ninguém duvida. Apesar de ter
perdido crédito e popularidade, é um símbolo para toda uma geração.
Para o bem e para o mal. Obviamente a Justiça tem que fazer o
que tem que fazer, sem levar em conta a popularidade de alguém. Mas o mundo
segue girando como sempre girou: e para muita gente essa não é uma questão de
Justiça, e sim de política.
Lula é o símbolo de um tipo de política. Virou o líder não só do
petismo como da esquerda no país. Para muita gente, é o rosto das reformas que
houve no país desde 2003, especialmente com a inclusão de pobres na classe
média.
Por isso há a teoria, muito difundida entre os petistas, de que
a investigação contra ele seria uma “vingança” contra o ex-presidente.
Não parece haver vingança alguma. Lula foi denunciado por muita
gente, inclusive o líder do governo de sua sucessora, um membro de seu partido.
Se a PF não o investigasse, estaria prevaricando. Se o juiz não
o ouvisse, estaria deixando de fazer aquilo que é pago para fazer.
Mas o ódio destinado ao ex-presidente mostra que há realmente um
rancor ideológico forte de um lado. O ardor do outro lado já foi demonstrado.
Resta esperar que tudo seja feito dentro da lei e que tenhamos
todos juízo. O futuro de nossa democracia está em jogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário