4 competências essenciais que formam o algoritmo do
empreendedor.
Um algoritmo, do ponto de vista da Ciência da Computação, é uma
sequência de instruções, bem definidas e não ambíguas, as quais são executadas
de maneira mecânica ou eletrônica, em um intervalo de tempo específico, com uma
quantidade de esforço finita.
Sabe-se que não existe um procedimento preciso e bem definido
para a produção de empreendimentos de sucesso, muito menos um método de
produção de riqueza que siga uma lógica infalível.
Contudo, é possível pensar em posturas e padrões de
comportamento que estejam a favor de uma atitude empreendedora.
Na prática, o algoritmo é uma espécie de receita, uma lista de
passos necessários para a realização de uma tarefa, com a produção de determinado
resultado.
Por exemplo, para preparar um bolo é preciso separar os
ingredientes, selecionar a quantidade específica de cada um e misturá-los
seguindo uma sequência, em um local apropriado, de acordo com uma temperatura
X, por um tempo Y etc.; do contrário, o processo pode desandar.
Leitura recomendada:
Empreendedorismo: clichês vazios que não param em pé
Assim acontece com o empreendedor, que geralmente segue certa
ordem de crescimento e de aquisição de experiências, desenvolvendo habilidades
e comportamentos com o objetivo de obter sucesso em alguma área ou mercado –
mesmo sabendo que seus passos podem levar a lugar algum.
De fato, talvez não haja um algoritmo definitivo que seja capaz
de automatizar a lógica do empreendedorismo ou replicar a inteligência e os
passos de um empreendedor de sucesso, mas, com certeza, há algumas competências
básicas que podem ser identificadas nessa atividade.
Vamos citar quatro dessas competências, de maneira didática,
para situar aquilo que identificamos como pontos fortes em um empreendedor (o
que não quer dizer que a vida de um empreendedor e a atividade de uma empresa
digam respeito somente a estes pontos):
1. Capacidade de dizer
“não” ao estabelecido (Poder de Transformar);
2. Capacidade de
aprofundar e desenvolver conhecimentos sobre o mercado de atuação da empresa
(Poder de Conhecer);
3. Capacidade de
adaptar-se às demandas do mercado e dos parceiros (Poder de Adaptar);
4. Capacidade de
fidelizar parcerias que mostraram resultados positivos (Poder de Fidelizar).
Poder de
Transformar do empreendedor
A primeira competência, ou poder, talvez seja a principal: poder
de transformação – o simples fato de dizer “não” ao dado, a um hábito,
conhecimento ou processo rotineiro, para dizer, ao mesmo tempo, “sim” a algo
diferente, à oportunidade.
Para Freud, dizer “não” é o primeiro indício de que há
pensamento. Em termos práticos, vemos essa atitude em empreendedores que têm
formação estabelecida em determinada área do saber e, de repente, dispõem-se a
ir além do que conhecem.
Alguém das ciências humanas, por exemplo, que de repente aprende
a programar ou algum matemático que desenvolve aptidão para os conhecimentos,
ditos, inexatos.
Há na história da arte, das ciências e da economia, em geral,
inúmeros exemplos de pessoas que colocaram em prática essa competência.
O psicanalista brasileiro MD Magno diz que esta capacidade de
“pensar” é o que diferencia as pessoas de outros animais – para entender melhor
sobre esse conceito, sugiro a leitura do meu artigo anterior no portal Dinheirama
(clique aqui para vê-lo).
Poder de Conhecer
Poder de conhecer, de “ir até o rabo da palavra”, como diria o
escritor João Guimarães Rosa (o qual obteve sucesso na área das Letras), eis
outra competência importante ao empreendedor.
Não basta apenas querer algo diferente, pensar “ao avesso”, se
esse pensamento não é trabalhado, sistematizado, planejado ou estruturado de
alguma forma.
Muitas vezes, o “novo” só surge depois que o “velho” foi
repetido exaustivamente e o que era desvio passou a ser a norma. O próprio
Guimarães Rosa, conhecido por ser um inovador e produtor de neologismos, com
uma rica linguagem “própria” e inconfundível, dizia-se um reacionário, pois
queria mesmo era saber o “antes da palavra”, quando ela se misturava com o
próprio ato de falar.
Para isso, Guimarães Rosa pesquisou seu mercado de atuação ao
máximo. Certa vez ele comentou essa capacidade com uma prima: “Falo: português,
alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo;
leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo
alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do
sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do
tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de
outras. Mas tudo mal.
E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas
ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente,
porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração”.
Assim, o empreendedor deve colocar em prática o trabalho de
pesquisa de mercado, com afinco, dedicação e disponibilidade para aprender;
divertindo-se, se possível.
Poder de Adaptar
Adaptação, flexibilidade, maleabilidade. Estas palavras são
sinônimos que definem a terceira competência necessária para um empreendedor.
Isso pode acontecer em vários níveis, do operacional aos
recursos humanos, sempre dizendo respeito à capacidade de aceitação ou de
criação de regras ad hoc, caso a caso, que atendam à determinada demanda sem
comprometer o processo do negócio como um todo.
Quando, por exemplo, sabe-se que o mercado está bom para
smartphones e laptops, mas é possível criar um novo mercado para tablets,
estamos observando claramente a capacidade de adaptação (e, ao mesmo tempo,
inovação, nesse caso).
Em termos de recursos humanos, a contratação de funcionários sem
vínculo empregatício definitivo ou por um regime específico, fora da CLT, mas
com garantia de posterior remuneração ou participação nos lucros, via ações ou
porcentagens pré-definidas, é outro exemplo dessa flexibilização das relações
entre colaboradores.
Tudo isso favorece a progressão e otimização dos recursos da
empresa, através de um acordo entre as partes envolvidas, e não deixa de ser um
processo de inovação que corrobora com a competência de transformação.
Vídeo recomendado: Abrir o Próprio Negócio e Empreender é pra
você?
Poder de
Fidelizar
Entretanto, além de poder transformar, conhecer a fundo e
adaptar-se ao ritmo das ondas que “o mar do mercado” possa trazer, é preciso
ter uma boa prancha, que dê sustentação aos movimentos do surfista
(empreendedor), enquanto vem a próxima onda, isto é, ter certa estrutura de
confiança que garanta o funcionamento do empreendimento.
Isso acontece, por exemplo, através da criação de sociedades e
parcerias em diversos setores: do financeiro ao emocional, do fornecedor de
matéria-prima ao fornecedor de consumo (o cliente).
É necessário, portanto, saber criar uma rede que mantenha o
negócio em funcionamento pleno, garantindo receita e possibilidade de
crescimento. Empreender é uma dinâmica social.
Nesse sentido, a fidelização, o processo que diz respeito à
colocação de fé (valor) em determinada prática é indispensável. Isso o
empreendedor não consegue fazer sozinho.
Workshop
online gratuito recomendado: Finanças Pessoais e Empreendedorismo, com Gustavo
Cerbasi e outros convidados
Conclusão
Embora a versão final do algoritmo empreendedor (ou “algoritmo
do empreendedor”) não tenha sido lançada no atual mercado de softwares, é
possível, sim, aperfeiçoar essas quatro competências e tentar aprender com os
grandes exemplos do passado, sem, é claro, deixar de olhar para o futuro.
Afinal, para o empreendedor de sucesso a origem (a base) está no
futuro, no por vir, e isso é maravilhoso! Por isso ele se prepara, tenta, erra,
muda um pouco a estratégia, persiste e, de repente, ele acerta, mas não pode
parar.
Nesse contexto, talvez a frase “O futuro a Deus pertence” deva
ser repensada, conforme propus na imagem abaixo – isto é, “O futuro: adeus,
pertences”.
© Fornecido por Dinheirama Educacional S.A. 4
competências essenciais que formam o algoritmo do empreendedor
Diga “tchau”
aos conhecimentos cristalizados, repetitivos, “pertences” que atrapalham a
prosperidade. Siga a favor do movimento de crescimento, transformação e
adaptação, em busca de uma realidade mais promissora para você e sua empresa.
Até a próxima.
Este artigo
foi escrito por Renato Bressan.
Professor,
Jornalista e Produtor Cultural. Mestre e Graduado em Comunicação. Analista e
Desenvolvedor de Sistemas. Graduando em Letras. Criador do projeto Reenquadro:
instagram.com/reenquadro
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