Epidemia de obesidade no Brasil cresce 60% em 12 anos
Nova pesquisa, no entanto, indica estagnação no crescimento
desde 2015; mudanças em rótulos e incentivo ao consumo de frutas e hortaliças
são estratégias
Apenas 19,63% dos jovens entre 18 e 24 anos consomem cinco
porções por semana de frutas e hortaliças
Dados inéditos do Ministério da Saúde mostram que 18,9% da
população acima de 18 anos nas capitais brasileiras é obesa.
O percentual é 60,2% maior que o obtido na primeira vez que o
trabalho foi realizado, em 2006, quando essa parcela era de 11,8%.
A boa notícia é que, embora bastante elevado, sobretudo quando
comparado a outros países da América do Sul, o número indica que a epidemia de
obesidade começa a dar sinais de estagnação – a proporção de pessoas acima do
peso se manteve a mesma entre 2015 e 2017.
“Os indicadores apontam para uma tendência de estabilização
entre a população das capitais”, afirmou a diretora do Departamento de
Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, Maria de Fátima Marinho de
Souza.
Souza alerta, no entanto, que a queda na velocidade da expansão
não tranquiliza e que “é preciso reforçar a prevenção”.
Entre as medidas consideradas cruciais, mudanças nas regras de
rótulo de alimentos e políticas que permitam maior acesso a frutas e
hortaliças.
DEFINIÇÃO DE OBESO
Pessoas consideradas obesas são aquelas que tem Índice de Massa
Corporal (IMC) acima de 30. A nova pesquisa do Ministério da Saúde, batizada de
Vigitel, foi feita por telefone com pessoas que vivem nas capitais brasileiras.
No final do ano, um novo estudo, medindo o peso dos voluntários,
será realizado para confirmar o números.
Novos hábitos
Os sinais de estabilização de sobrepeso e obesidade nos últimos
dois anos vêm acompanhados de mudanças no comportamento do brasileiro, que hoje
consome menos refrigerante e bebidas adoçadas que na última década e se
exercita um pouco mais.
Em 10 anos, a queda do consumo de bebidas foi de 52,8%. Em 2007,
30,9% dos moradores das capitais faziam uso regular desses produtos. Agora, o
comportamento é citado por 14,6%.
“Houve uma queda importante, mas o consumo no país ainda é muito
alto”, afirma a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde,
Michele Lessa. Sobretudo entre a população mais jovem.
Na faixa entre 18 e 24 anos, 22,8% consomem refrigerantes e
bebidas adoçadas regularmente. “Do ponto de vista nutricional, esses produtos
não trazem nenhuma vantagem e têm grande concentração de açúcares.
O ideal seria reduzir ao máximo o consumo”, afirma Michele. A
faixa etária mais jovem é a que mais ingere essas bebidas e, ao mesmo tempo, a
que apresentou menor redução de consumo no período analisado: 43,17%.
Alimentação e exercício
O raciocínio vale ainda para a melhora nos indicadores de
consumo de frutas e hortaliças. Os números avançaram positivamente, mas ainda
não alcançaram a meta ideal.
Entre a população de 18 a 24 anos a ingestão recomendada de pelo
menos cinco porções por semana desses alimentos subiu 25%.
Mesmo assim, apenas 19,63% consomem esses alimentos nessa
frequência. Os números vão melhorando com o passar dos anos de vida.
Dos entrevistados com mais de 65 anos, 26,9% fazem o consumo
desses alimentos na proporção recomendada.
Além da alimentação, os indicadores de atividade física também
melhoraram. Houve um aumento de 24% de pessoas que afirmam se exercitar de
forma leve ou moderada. “Todos esses indicadores precisam melhorar.
O ideal é que toda população coma ao menos cinco porções de
frutas e hortaliças por dia. E que se exercite de forma moderada, mas
frequente”, avalia Maria de Fátima.
A tarefa, no entanto, não é fácil. “Há dificuldades de acesso,
sem falar em preços”, diz.
Por Estadão
Conteúdo. (Thinkstock/VEJA)
Revista VEJA
online.
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