Perda auditiva não tratada pode levar a doenças graves.
Estudo conduzido pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados
Unidos, afirma que a perda de audição pode estar por trás de demência,
depressão, quedas e problemas cardiovasculares
Pacientes costumam demorar para tratar a perda auditiva, o que
pode levar a doenças mais graves
Não vai demorar a chegar o dia em que as desconcertantes sirenes
das grandes cidades vão obrigar aqueles que constantemente são submetidos ao
seu barulho a ter de recorrer a aparelhos auditivos.
Apenas espero que isso não aconteça antes de 2021, mais ou
menos, quando eles serão muito mais fáceis de encontrar, menos caros e talvez
mais eficientes do que são agora.
Um grupo cada vez maior de pesquisas está relacionando o não
tratamento da perda auditiva a uma diversidade de doenças onerosas, e é chegado
o momento de levar verdadeiramente a sério tanto a proteção contra o problema
quanto seu tratamento. Além de incomodar e ser inconveniente para milhões de
pessoas, especialmente idosos.
A escuta deficiente representa um claro risco à saúde, ameaçando
o estado mental, a vida e a integridade física, o que pode custar aos serviços
de saúde pública muito mais do que fornecer aparelhos e serviços para cada
pessoa com perda auditiva.
Os problemas de audição são cada vez mais comum e graves com o
avançar da idade. Dois novos e abrangentes estudos demonstram uma clara relação
entre a perda auditiva não tratada e um maior risco de demência, depressão,
quedas e até mesmo doenças cardiovasculares.
As pesquisas ainda indicam que, em um número significativo de
pessoas, a perda auditiva não tratada corretamente pode ser a causa do problema
de saúde associado.
Em um desses estudos, que pesquisou 154.414 adultos acima de 50
anos, os pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos,
descobriram que o não tratamento da perda de audição elevou em 50 por cento o
risco do desenvolvimento de demência e em 40 por cento o de depressão em apenas
cinco anos, em comparação com aqueles que têm audição normal.
Uma análise dos dados oferecidos pelos pesquisadores estabeleceu
uma relação entre o não tratamento da perda auditiva, hospitalizações mais
frequentes e mais longas, internações reincidentes e mais idas à emergência do
hospital.
Em dez anos, os casos não tratados de perda auditiva foram
responsáveis por 3,2 por cento de todos os casos de demência, 3,57 por cento
das pessoas que se machucaram gravemente em uma queda e por 6,88 por cento de
pacientes em tratamento da depressão.
Os números podem parecer baixos, mas, considerando a
regularidade dessas condições, elas afetam um grande número de pessoas, levando
a grandes danos pessoais, financeiros e sociais.
Os pesquisadores afirmam que aproximadamente 85 por cento das
pessoas com problema auditivo não são tratadas.
Segundo eles, o não tratamento dos problemas auditivos elevou os
gastos com saúde em 46 por cento em um período de dez anos, em comparação aos
custos provenientes daqueles com audição saudável. Uma das autoras do estudo,
Jennifer A. Deal, epidemiologista e geriatra da Universidade Johns Hopkins, diz
que, apesar de "a perda auditiva não ser cara em si, a consequência em
todo o resto é".
Infelizmente, as pessoas tendem a esperar tempo demais para
fazer os exames e receber o tratamento necessário, e, quanto mais esperam, mais
difícil fica tratar a perda auditiva, explica o Dr. Frank Lin, da mesma
universidade.
Segundo ele, a perda auditiva relacionada à idade se desenvolve
lentamente, fazendo com que as pessoas demorem a levá-la a sério.
Frank dá duas excelentes dicas de quando é a hora de testar a
audição: se familiares ou amigos próximos disserem que você deve, ou se você
perceber que com frequência entende errado ou não compreende o que os outros
estão dizendo.
Jornal O
GLOBO online. Jane E. Brody*
Foto: GRACIA
LAM / NYT.
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