Depressão acelera envelhecimento cerebral, comprova estudo.
A densidade sináptica foi 2% a 3% menor nos indivíduos
depressivos.
A depressão acelera o envelhecimento cerebral, comprova um novo
estudo realizado por pesquisadores da Universidade Yale, nos Estados Unidos.
A doença já era considerada um fator de risco para o
desenvolvimento de Alzheimer e já havia sido associada a diversos problemas, como
aumento do risco de dor de cabeça, dor muscular e alterações no sono.
Agora, a ciência conseguiu mostrar evidências consistentes de
danos cerebrais causados pela depressão.
A nova pesquisa, apresentada na quinta-feira, 14, na Conferência
da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizada em Washington, nos
Estados Unidos, mostrou que as conexões cerebrais começam a diminuir dez anos
mais cedo em indivíduos diagnosticados com depressão.
Ou seja, o declínio cognitivo começa a partir dos 40 anos e não aos 50 anos.
Essa característica aumenta o risco de perda de memória,
desaceleração da fala e até mesmo o desenvolvimento precoce de doenças
neurodegenerativas, como Alzheimer.
Análise inovadora
Para chegar a esta conclusão, a equipe da Universidade Yale
aplicou exames de imagem cerebral em dez participantes diagnosticados com
depressão crônica (com idade média de 40 anos) e um grupo de controle – sem
depressão -, com idade média de 36 anos.
A técnica escolhida foi o PET Scam, que utiliza marcadores
radioativos para analisar substâncias específicas.
Nesse caso, a densidade sináptica. Ou seja, a quantidade e o
local das sinapses no cérebro.
Antes da criação de um marcador específico, a única forma de
fazer essa observação era através da autópsia do cérebro, o que dificultava o
entendimento de como a densidade sináptica poderia afetar a saúde mental do
indivíduo.
Os resultados mostraram que a densidade sináptica foi de 2% a 3%
menor nos indivíduos depressivos.
“Quanto mais baixa for a densidade, mais severos são os sintomas
de depressão, particularmente problemas de
atenção e perda de interesse em atividades que antes eram consideradas
prazerosas”, comentou Irina Esterlis, principal autora do estudo, durante
reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
A densidade sináptica é importante porque sinapses são como
pequenas pontes, utilizadas pelas células nervosas para passar seus impulsos
para a outras células e assim transmitir informações para outras regiões
cerebrais e do corpo.
A perda de sinapses é um fenômeno normal do envelhecimento.
Entretanto, isso também está associado ao desenvolvimento de distúrbios
neurológicos, como o Alzheimer, em pessoas entre 74 e 90 anos.
Sendo assim, a pesquisa indica que um subproduto comum do
envelhecimento é evidente em pessoas que sofrem de depressão.
Embora seja um estudo considerado pequeno devido à quantidade de
participantes, o resultado chama a atenção para a necessidade e novas
investigações sobre o que acontece com o cérebro de uma pessoa deprimida.
A descoberta também é uma hipótese plausível para explicar
porque as mulheres – que estão duas vezes mais propensas a sofrer de depressão
– têm o triplo do risco de sofrer Alzheimer, em comparação com a população masculina.
O futuro
Diante dos achados, a equipe espera ser capaz de ajudar
pacientes com depressão por meio da criação de novas terapias voltadas para
atuação no hipocampo, região cerebral afetada tanto pela depressão quanto pelo
Alzheimer.
Inclusive, essa semana, um painel da FDA – agência que regula
medicamentos e alimentos nos Estados Unidos – deu sinal verde para a aprovação
de um novo tratamento para casos depressão refratária.
O medicamento é semelhante à cetamina, uma substância
originalmente utilizada como anestésico e tranquilizante para cavalos, que
mostrou-se eficaz contra a condição.
“A cetamina foi capaz de revertes a densidade sináptica em
animais deprimidos”, afirma Irina Esterlis, líder do novo estudo. Ela ressalta
que a droga tem efeito em diversas regiões cerebrais, incluindo o hipocampo e
por isso, poderia ser uma possibilidade para tentar retardar o início do
Alzheimer.
Fotos: ©
Thinkstock.
Portal MSN.
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