Algumas das principais empresas de comunicação dos Estados
Unidos apontam o candidato democrata Joe Biden como o vencedor da disputa
eleitoral norte-americana.
Ele será o 46º presidente dos Estados Unidos. Segundo os
dados da apuração realizada pela Bloomberg, AP (Associated Press), CNN, e New
York Times o ex-vice-presidente atingiu entre 273 e 284 delegados. São
necessários 270 para vencer o pleito no Colégio Eleitoral.
O resultado foi confirmado depois que foram contabilizados votos
de novo lote na Pensilvânia, onde Joe Biden lidera a disputa.
Apesar de os jornais e TVs garantirem a eleição do democrata, a
apuração oficial ainda não acabou. Isso porque os Estados ainda precisam
contabilizar os votos que chegaram pelos correios, o que atrasa a homologação
do resultado.
Além disso, o atual presidente, Donald Trump, entrou na Justiça
para pedir a recontagem de votos em Estados que considera ter sido o vencedor,
embora os números mostrem o contrário.
A discussão jurídica sobre o resultado pode atrasar ainda mais o
reconhecimento oficial do novo presidente.
Joseph R. Biden Jr. tem 77 anos, 47 deles passados na política.
Formou-se em História e Ciência Política na Universidade do Delaware, e em
Direito na Universidade de Syracuse.
Foi senador de 1972 a 2008, quando abandonou o Senado para
integrar a chapa de Barack Obama.
Trabalhou como vice-presidente durante os 2 mandatos de Obama:
2009-2012 e 2013-2016.
Biden foi oficializado como o candidato do partido Democrata em
18 de agosto e apareceu sempre à frente nas pesquisas. Nos 7 últimos
levantamentos, todos realizados em outubro, manteve-se com mais de 50% das
intenções de voto.
Trump, por outro lado, não conseguiu ultrapassar os 43%. Sem
conseguir reduzir a diferença ao longo da campanha, Trump colocou em xeque a
eficiência do sistema de voto pelos correios.
Em julho, declarou: “com a votação universal por correio, 2020
será a eleição mais imprecisa e fraudulenta da história”. Trump não apresentou
evidências para comprovar a afirmação.
Sugeriu, porém, que os eleitores “provassem” a fraude ao votarem
duas vezes: presencialmente e por correio.
Levantamento do jornal Washington Post divulgado em junho de
2020 mostrou que, em cerca de 14,65 milhões de votos por correio nas eleições
de 2016 e 2018, só foram encontrados 372 casos possíveis de voto duplo ou voto
em nome de pessoas falecidas. Isso equivale a 0,0025% do total.
Além de possíveis fraudes, Trump atacou em outra frente: o
período para que os votos sejam contados. Segundo o republicano, “a eleição
deveria terminar em 3 de novembro, não semanas mais tarde”.
Em 1 comício, declarou: “Deveríamos querer ter os votos
contados, tabulados e encerrados na tarde ou noite de 3 de novembro”.
Dessa forma, Trump prepara o terreno para contestar a apuração e
levar o caso para a esfera judicial. Com a nomeação da juíza Amy Coney Barrett,
os magistrados conservadores passaram a ser maioria na Suprema Corte.
Um dia antes da eleição, em 2 de novembro, o republicano ameaçou
entrar com uma ação legal na Justiça contra o resultado da eleição
presidencial.
Mais uma vez, falou em “fraude” e “manipulação” na
contagem dos votos
Em alguns casos, os votos enviados pelos Correios demoram mais
tempo para serem computados. O Supremo Tribunal da Pensilvânia, por exemplo,
prolongou o prazo para a contagem dos votos por correspondência.
Assim, os boletins de voto que chegarem até 6 de novembro serão
contados.
Por conta da pandemia da covid-19, muitos eleitores decidiram
votar pelos correios ou de forma antecipada. Até às 15h de 3ª feira
(3.nov.2020) mais de 100 milhões de pessoas já tinham votado antecipadamente.
O valor representa 73% de todos os votos computados na eleição
de 2016. Destas, 64.709.932 votaram pelo correio. A mídia dos EUA projeta que a
eleição de 2020 deve ter recorde de participação.
TEMAS CENTRAIS:
As campanhas dos 2 candidatos foram marcadas pelas diferenças em
como trataram temas centrais do debate eleitoral.
• Pandemia.
Os Estados Unidos são 1 dos países mais afetados pela pandemia
da covid-19. Soma mais de 9 milhões de casos e 236 mil mortes pela doença.
Durante os meses de campanha, Biden apareceu constantemente de
máscara e pediu respeito pela ciência e pelas medidas de prevenção do contágio,
como o distanciamento social.
Trump, por outro lado, minimizou a doença, raramente aparecia de
máscara realizou grandes eventos de campanha. Defendeu o uso cloroquina,
medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19, e chegou a sugerir
injeção de desinfetante para prevenir a doença.
O republicano anunciou em 2 de outubro que ele e a mulher,
Melania Trump, foram diagnosticados com a doença.
O republicano passou 1 fim de semana no hospital e, pouco antes
de ter alta, escreveu em seu perfil no Twitter: “Não tenham medo da covid.
Não deixem que isso domine suas vidas. Desenvolvemos, sob a
administração Trump, medicamentos e conhecimentos realmente excelentes.
Sinto-me melhor do que há 20 anos!“.
A gestão da crise sanitária foi decisiva para muitos eleitores.
Pesquisa realizada pelo instituto Ipsos em parceria com a Reuters, de 2 a 3 de
outubro, mostra que 57% dos eleitores reprovam a forma como Trump lidou com a
pandemia.
• Questões raciais.
O assassinato de George Floyd por 1 policial branco, em 25 de
maio, fortaleceu o movimento Black Lives Matter, desencadeou uma série de
protestos em todo o país e colocou o racismo no centro do debate eleitoral.
Em 28 de agosto, milhares foram à capital norte-americana para
uma nova edição da histórica Marcha sobre Washington. Muitos deles se
deslocaram à Casa Branca e exibiram cartazes contra Trump.
Os críticos do movimento denunciaram a violência que algumas
cidades sofreram durante os protestos. Trump fez coro às acusações e prometeu
restaurar a ordem nas ruas.
Durante a convenção republicana, realizada em agosto, Trump
falou que “ninguém estará seguro em nosso país” com uma vitória de Biden. “Eu
sou a única coisa entre o sonho americano e a anarquia total, a loucura e o
caos“, afirmou na época.
Os negros representam 13% do total de habitantes dos Estados
Unidos, segundo o US Census Bureau. Mesmo não sendo maioria, podem ter
influência no resultado das eleições.
Em 2012, foram importantes para a reeleição de Barack Obama, 1º
presidente negro do país. Foi nesse ano que registrou-se recorde de
comparecimento de eleitores negros: 66,6%.
Por isso, o voto dos negros foi tratado como vital para o
sucesso da campanha de Biden. A escolha de Kamala Harris como vice em sua chapa
foi 1 aceno à essa comunidade.
No 2º e último debate presidencial, o democrata acusou Trump de
ter sido o 1º presidente dos EUA que promoveu a exclusão ao invés da inclusão.
Na reta final da campanha, o democrata intensificou a busca de
votos entre os negros. No domingo (1º.nov), esteve na Filadélfia e, em seu
discurso, referiu as “disparidades baseadas na raça” verificadas na progressão
da covid-19. Segundo Biden, a doença atingiu a comunidade negra com mais forma
devido à atitude “quase criminosa” de Trump.
• Economia.
Trump usou a economia como medidor do sucesso de sua gestão
durante 3 anos. De 2017, quando assumiu o governo, a 2019, o republicano teve
dados de uma economia robusta para apresentar. Tudo mudou em 2020.
A imposição de lockdowns e o avanço da doença no país fizeram
com que mais de 23 milhões de norte-americanos perdessem o emprego.
Na semana encerrada em 3 de outubro a taxa de desemprego foi de
6,8%. Em fevereiro, era de 3,5%, segundo o Departamento do Trabalho dos EUA.
Na reta final, Trump pôde usar o fato de que o PIB (Produto
Interno Bruto) dos EUA cresceu no 3º trimestre de 2020. O país registrou alta
de 33,1% em relação aos 3 meses anteriores.
Trump defendeu ao longo da campanha que ele era o melhor para a
recuperação econômica do país. Usou como argumento o fato de Biden seguir
recomendações de especialistas sobre medidas de restrição contra a covid-19.
Disse que o democrata ia “paralisar os EUA” e aprofundar a
crise. Como resposta, Biden falou que ia
“paralisar o vírus, não o país”.
TROCA DE
ACUSAÇÕES.
Em diversas ocasiões, Trump trouxe à tona acusações contra o
filho do democrata, Hunter Biden, envolvendo uma empresa produtora de gás
natural sediada na Ucrânia. Há anos os republicanos tentam associar Joe Biden
aos interesses comerciais de seu filho.
Já Biden usou reportagens publicadas pelo jornal The New York
Times para atacar o adversário. O jornal revelou informações sobre o baixo
valor pago por Trump em imposto de renda e sobre uma suposta conta que ele
mantém na China.
As reportagens serviram de base para declaração de Biden no 2º
debate presidencial: “Você não mostrou nenhum ano da sua declaração de impostos
de renda.
O que você está escondendo? As forças estrangeiras estão te
pagando muito. A China, a Rússia, e os seus hotéis em todo o mundo. Libere seu
imposto de renda e pare de falar sobre corrupção”.
Foto:© Gage
Skidmore/Flickr Joe Biden.
Conteúdo PODER
360.
Portal MSN.
LINK:
https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/ap%C3%B3s-resultado-na-pensilv%C3%A2nia-m%C3%ADdia-
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