O estudo do Glaucoma tem percorrido
longo caminho, seu desenvolvimento vem ocorrendo em todos os cantos do mundo e
nunca houve tanta disponibilidade de recursos, tanto intercâmbio científico e
criatividade como nesses últimos anos.
Hoje, o estudo do Glaucoma é uma
ciência universal. Os congressos que se proliferam em vários locais do mundo
permitem que colegas com diferentes origens e percepções sobre a doença
partilhem entre si suas experiências, seus conhecimentos e criatividade em
benefício de todos nós e principalmente de nossos pacientes.
Contudo, ainda existemmitos
arraigados na população que dificultam o diagnóstico e tratamento da doença,
perpetuando a sua colocação como a doença que mais cega de forma irreversível
no mundo.
Os mitos mais comuns
sobre glaucoma
Mito 1:
Todos os pacientes com glaucoma têm
pressão ocular elevada
Acreditava-se que presses oculares
acima de 21 mmHg era glaucoma, e abaixo era normal. Na realidade, há pessoas
com pressão abaixo de 21 com glaucoma (glaucoma de pressão normal) e outras com
pressão acima sem glaucoma (hipertensosoculares).
O que define a presence ou não do
glaucoma é o aspecto do nervo óptico. Portanto, pergunte sempre ao seu
oftalmologista qual a pressão do seu olho, e como está seu nervo óptico.
Mito 2:
Eu enxergo muito bem e, portanto,
não tenho glaucoma.
A maioria das formas de glaucoma não
apresenta sintomas, a não ser nos estágios muito avançados da doença. Uma vez
perdida a visão, esta é irreversível.
Os defeitos de visão de um olho são
compensados pelo outro olho e vice-versa, mascarando esta perda. Também mesmo
quando o defeito é avançado, o cérebro complementa a imagem faltante com
imagens adjacentes, tornando imperceptível para o indivíduo esta perda.
Mito 3:
Você pode testar sua visão periférica
para saber se tem glaucoma ou não.
As formas mais comuns de glaucoma
tiram a visão periférica. Muitos pacientes pensam que podem avaliar esta perda
tampando um olho e testando a seu campo de visão.
Esta colocação feita pelo paciente é
frequente nos consultórios médicos. Na realidade, o campo que se perde
inicialmente não é o temporal (lado das têmporas; direito no olho direito e
esquerdo no do olho esquerdo), e sim o nasal (do lado do nariz e que na maioria
das vezes é ocultada pelo proprio nariz do individuo; lado esquerdo do olho
direito e lado direito do olho esquerdo.
Baseado neste teste feito de forma
errada, o paciente se acha em perfeitas condições. Na realidade é impossivel se
testar a visão periférica, principalmente do lado nasal sem equipamento e
técnica apropriada em consultório médico.
Mito 4:
Estilo de vida não influencia o
glaucoma.
Exercícios aeróbicos como natação,
correr ou andar rápido pelo menos 30 minutos 3 vezes por semana podem reduzir a
pressão ocular em até 20% . Pacientes com glaiucoma devem evitar a posição de
cabeça para baixo como ocorre em certos exercícios de Yoga que podem aumentar a
pressão ocular em aproximadamente 200% (duas vezes a pressão do olho).
Tambem o fumo pode aumentar a
pressão ocular. Embora a marijuana abaixe a pressão ocular, seu efeito é muito
passageiro, e a redução da pressão insuficiente.
Mito 5:
Os exames para glaucoma são
cansativos.
Nem todos, o que os pacientes mais
reclamam é do campo visual. Existem três
exames básicos e suas variantes para glaucoma:
1. Exame
oftalmoscópico no qual o médico examina o fundo de olho com especial atenção ao
nervo óptico. Muitas vezes este exame é acompanhado de fotografia
estereoscópica do nervo ou exames de imagem computadorizados para documentar e
melhor avaliar o nervo óptico. Somente através da documentação do nervo óptico
através destes exames complementares o médico é capaz de detectar alterações
estruturais do mesmo, ou seja, detectar a progressão da doença.
2. Medida da
pressão ocular que, devido à sua flutuação e picos deve ser avaliada através da
prova de sobrecarga hídrica, ou mini curva ou curva tensional diária de
24-horas. Pode também ser avaliada através de medidas em diferentes horários e
em dias diferentes.
3. Teste de
Campo visual (perimetria), que é o teste que os pacientes menos apreciam,
consiste na projeção de luz de intensidades variáveis para detectar a perda da
visão periférica e quando presente também a central.
Mito 6:
A pressão ocular medida uma vez no
consultório é suficiente.
Na realidade, a pressão ocular pode
variar mais que 10 mmHg em24-horas, daí a necessidade se fazer várias medidas
de pressão e, ou, realizar o teste de sobrecarga hídrica para detectar-se o
pico pressórico considerado um dos fatores mais importantes na progressão da
moléstia.
Estas medidas estão indicadas em
suspeitos de glaucoma e portadores da
doença, e não precisam ser feitas de forma rotineira em indivíduos considerados
normais após avaliação cuidadosa do nervo óptico.
Mito 7:
A minha pressão ocular está normal
com o tratamento.
Este é um mito perigoso. O termo
pressão normal refere-se a um valor estatístico encontrado na população, e nãoa
o controle da doença. Assim, um paciente com “pressãonormal” pode evoluir para
a cegueira.
Não existe um número mágico de
pressão para todos os pacientes. Há pacientes que necessitam de pressões de 10
mmHg e outros que podem ter pressões mais elevadas que esta sem prejuizo em sua
função visual. Este é o conceito de pressão alvo.
Ela é determinada individualmente
pelos oftalmologista baseado em uma série de fatores como a idade, expectative
de vida, grau de lesão glaucomatosa, velocidade de progressão da doença, entre
outros.
Mito 8:
O glaucoma sempre leva a cegueira
Totalmente errado. De acordo com The
Glaucoma Foundation, no mínimo 90% dos casos de glaucoma não levariam a
cegueira se diagnosticados e tratados de forma
apropriada. Infelizmente, menos de 50% das pessoas com glaucoma são
diagnosticadas.
Em muitas ocasiões, e por diferentes
razões, o tratamento não é eficiente. Assim, uma vez diagnosticado em tempo
hábil, e o tratamento monitorado através de campos visuais, exame do nervo
óptico e uma boa amostragem da pressão ocular, a cegueira na grande maioria de
pessoas, se não em quase todas, seria evitada.
Mito 9:
Existem poucas opções no tratamento
do glaucoma.
Existem numerosos tratamentos em
glaucoma disponíveis. Houve um grande avanço no tratamento médico com drogas
muito potentes ou combinações de drogas em reduzir a pressão e controlar seus
picos. A utilisação do laser, numerosos tipos de cirurgias com técnicas
modernas aumentaram o sucesso cirúrgico e diminuiram em muito as complicações.
O glaucoma continua sendo a maior
causa de cegueira irreversivel no mundo, e tem uma reputação sinistra, pois
atinge, na maioria das vezes, os dois olhos do indivíduo, não origina sintomas
(só nas fases avançadas da doença) é frequente em parentes diretos de
portadores da doença. comprometendovariosfamiliares.
Com auuxilio de instituiçõescomo a
ABRAG, do maior conhecimento da população sobre a doença e com os grandes
avanços no diagnóstico e tratamento que dispomos atualmente, acredito que a
reputação sinistra desta doença está com seus dias contados.
Jornal do Brasil. Remo Susanna Jr
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