Saúde
mental
Castigos físicos aumentam
chances de crianças apresentarem distúrbios mentais na vida adulta.
Já são conhecidos os
danos que maus tratos graves, como abuso sexual, podem causar à saúde mental
das crianças. Nova pesquisa demonstra que bater e empurrar também podem
desencadear abuso de álcool e drogas, transtorno de ansiedade e outros
problemas de comportamento.
Pais
que castigam os filhos com punições físicas podem fazer com que eles tenham
problemas mentais na vida adulta.
Punições físicas aplicadas pelos pais para
disciplinar os filhos podem desencadear uma série de problemas mentais entre as
crianças ao longo da vida. Segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira
na revista Pediatrics, agressões — mesmo que
não sejam as formas mais graves de abuso, como sexual ou negligência,
comprovadamente prejudiciais à saúde mental — como empurrar, bater e agarrar,
estão associadas a distúrbios de ansiedade e de personalidade.
Resultado:
Até 7% dos transtornos
mentais — como ansiedade, abuso de álcool e drogas, transtorno obsessivo
compulsivo (TOC),e variações de humor — apresentados por adultos podem ser
atribuídos a punições físicas severas na infância (bater, empurrar, agarrar).
Segundo os autores do trabalho, está clara a
relação entre maus tratos às crianças, tanto físicos e emocionais quanto abuso
sexual, e problemas emocionais apresentados por elas durante a vida adulta. No
entanto, de acordo com eles, pouco foi estudado sobre os efeitos negativos das
punições físicas que são usadas como uma forma de castigo, para a saúde mental
dos indivíduos.
Para a pesquisa, uma equipe da Universidade de
McMaster, no Canadá, se baseou em dados de 600 americanos inscritos no Exame
Nacional de Epidemiologia em Álcool e Condições Relacionadas, dos Estados
Unidos, que coletou dados de 34.653 pessoas maiores do que 20 anos entre 2004 e
2005.
Os autores observaram que entre 2% e 7% dos
distúrbios mentais apresentados pelos participantes -- entre eles os
transtornos de humor, ansiedade, bulimia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
e abuso de álcool e drogas -- foram atribuídos a punições físicas na infância.
Os autores da pesquisa explicam que, embora essa
porcentagem pareça pequena, ela já é suficiente para mostrar que os castigos
físicos podem ser considerados como fatores de risco para problemas mentais.
Eles acreditam que esses resultados reforçam a ideia de que reduzir o castigo
físico pode ajudar a diminuir a prevalência de transtornos mentais na população
em geral.
Brasil
Uma pesquisa divulgada em junho pelo Núcleo de
Estudos da Violência da Universidade de São Paulo indicou que um em cada cinco
brasileiros sofreu punição física regular, ou seja, ao menos uma vez por
semana, na infância, e que pouco mais de 70% apanharam ao menos uma vez quando
crianças.
O levantamento, feito em 2010 com 4.025 pessoas de
onze capitais do país, também mostrou que os indivíduos que relataram sofrer
mais punições físicas apresentavam mais chances de adotar a violência na
criação de seus filhos.
Revista
VEJA online. (Thinkstock).
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