Sua amiga é brega e você não sabe como alertá-la? Outro dia, uma amiga resolveu conhecer uma dessas baladas que toca sertanejo universitário e me convidou para ir junto. Topei, apesar de não curtir o estilo, afinal, amigo é para essas coisas.
 Combinei de encontrá-la no apartamento dela. Quando ela abriu a porta, quase caí para trás. Minha amiga havia sido abduzida e em seu lugar tinham deixado uma das personagens de Dallas. Sério. Foi tenso.
Acho nada a ver a pasteurização da beleza feminina. Acredito, de verdade, que as mulheres deveriam se libertar dessa ditadura do cabelão-saltão-bocão e serem mais livres esteticamente. Mas tem coisa que não dá para deixar passar, né? Quando me deparei com aquela versão decadente de Barbie fazendeira tive que dizer alguma coisa. 
Se gosto é quem nem bunda e cada um tem o seu, noção é que nem curvex, um monte de gente não tem e quem tem muitas vezes não sabe usar direito. E eu tinha a obrigação moral de impedir minha amiga de sair por aí toda trabalhada no conceito errado.
Dizer para uma amiga que ela errou no modelito é algo bem delicado. Mulheres dão muita importância às roupas. Porque, muitas vezes, a forma como elas se vestem é a ponta de um iceberg que passa por questões como insegurança com o corpo, dúvidas com relação a capacidade de atrair atenção dos homens e até competição com outras mulheres do grupo.
Quem nunca se atrasou hororres para um cineminha com um pretê ou um jantar com as amigas porque gastou um tempão experimentando TUDO que está no guarda-roupa até quase o ponto de chegar a conclusão que não tem nada para vestir e cair chorando na cama.
Depois disso tudo ainda vem uma nega dizer que a produção ficou cafona? Precisa de coragem, né? Então, precisa mesmo. Mas é melhor enfrentar a torcida de nariz da amiga ainda em casa do que permitir que ela corra o risco de dar vexame no meio da galera.
Minha estratégia nessas horas é elogiar muito uma peça da composição e sugerir que ela mude o resto. Eu abuso de frases do tipo “essa blusa é linda, mas a calça esta deixando ela apagada”, “Arrasou na bolsa, mas ela merece uma produção mais caprichada” ou “Esse sapato combina super com aquele seu vestido verde, por que você não experimenta?”.
Na maioria das vezes você ressalta o que há de bom no estilo e no guarda-roupa da sua amiga, dá uma turbinada na auto-estima dela e salva o dia evitando um desastre fashion sem causar nenhum ressentimento.
A situação fica mais delicada quando quando a amiga foi infeliz na escolha de todas as peças e adereços. Nesses casos o bom humor pode ser uma saída. “Amiga, é festa do pijama e você nem me contou” ou “Vamos levar o cachorro para passear antes de sair?” são algumas das possibilidades.
Se ela for esperta vai perceber que fez escolhas inapropriadas. Caso ela pergunte se a roupa está boa, convém ser honesta, mas sem ser grosseira. Dizer “essa roupa/cor/modelo não te favorece” é delicado e direto. Costuma funcionar com as minhas amigas.
Antes que vocês saiam por aí dando pitaco na roupa de todo mundo, um alerta. A não ser em casos extremos, geralmente envolvendo batons nude e calças saruel, espere que a pessoa pergunte o que você acha antes de dar sua opinião.
Só tome a iniciativa se houver intimidade entre você e a outra garota. A linha que separa a honestidade e a vontade de ajudar da grosseria pura e simples é muito tênue. Seria deselegante ultrapassá-la.
E ninguém, quer isso, não é mesmo? 
Site Yahoo Brasil. Por Arthur Chioramital. (Foto: iStock).

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