Internet.
Fotos roubadas: a vítima abre as portas para o ladrão
Especialista ensina como se prevenir dos ataques de criminosos na internet, que têm entre suas vítimas os atores Murilo Rosa e Carolina Dieckmann.
Não é difícil para um hacker, com o conhecimento técnico certo, invadir um computador pessoal e colher dali fotos e informações que possa usar para denegrir a imagem da vítima na internet ou chantageá-la.
Mas para alcançar seu objetivo, o criminoso depende da ajuda do usuário: o clique em um link desconhecido, enviado na maioria das vezes por e-mail. "O criminoso encontra uma forma de entrar, mas precisa de um ambiente favorável.
E isso acontece quando você clica em um link que não é seguro ou mantém uma senha fraca para acesso ao e-mail, por exemplo”, explica, ao site de VEJA, o especialista em crimes virtuais Wanderson Castilho. 
Assim, o cracker ganha passagem liberada para as informações fornecidas pelo usuário, que se torna o “causador de sua falta de privacidade”, define Castilho. “De repente, ele nem chegou a entrar no computador, mas teve o caminho facilitado pelo e-mail, por onde foram enviadas senhas e outros dados sigilosos”, exemplifica o especialista, que é autor do livro Manual do Detetive Virtual.
“É muito pequena a probabilidade de um hacker invadir seu sistema aleatoriamente. É bem maior a chance de você contribuir para isso, instalando um programa malicioso, que autoriza a entrada do criminoso, deixando sua máquina aberta em algum lugar público.”
Quando houve o vazamento de fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann, em maio do ano passado, ficou comprovado que ela foi vítima de um ataque de hackers.
No caso mais recente deste tipo, o de publicação de frames de um vídeo com imagens que seriam do ator Murilo Rosa nu, a Polícia Civil ainda tenta descobrir de que maneira essas imagens chegaram às mãos dos criminosos.
“Vamos ver se houve vazamento e como ele se deu. Ainda há duvidas sobre como essas imagens chegaram à internet. Estamos rastreando o caminho desse arquivo”, informou ao site de VEJA o delegado Rodolfo Waldeck, da 14ª DP (Leblon), que investiga o caso inicialmente como extorsão.
Depoimento
Murilo já foi intimado a prestar um novo depoimento na delegacia. “O primeiro ponto é saber onde o vídeo ou a foto em questão foram feitos.
Se foi na frente do computador, é ali que vamos começar. A perícia é crucial, e faz surgir novas perguntas e respostas que ajudam a traçar as linhas de investigação”, destaca o especialista, lembrando é possível recuperar diálogos e arquivos já deletados e comprovar se o sistema foi invadido.
A partir daí, a busca é pelos rastros deixados pelos criminosos, como o IP (identificação) da máquina usada para o delito. “Um computador só conversa com outro quando os dois sabem quem são, senão a informação não tem como chegar.
Todos os acessos são registrados, além da confirmação de chegada de pacote. Quando você manda um e-mail, seu servidor chama o outro antes mesmo de você enviar o conteúdo”, detalha Castilho. Nesse trabalho, ainda são observados acessos diferentes aos do dono da conta, alterações de arquivos e a instalação de algum programa estranho.
“De repente, alguém teve acesso à máquina dele e instalou algo que estava monitorando há muito tempo”, pondera.
Famosos que tiveram fotos íntimas vazadas na interne
No dia 16 de março deste ano, uma série de fotos íntimas atribuídas ao ator Murilo Rosa ganharam a internet. Na sequência imagens, ele aparece primeiro sem camisa e, depois, encobrindo o órgão sexual com as mãos - mas nesta última, a pessoa aparece somente da cintura para baixo, não sendo possível confirmar que se trata do ator.
Murilo foi chantageado por uma pessoa que pedia dinheiro para não divulgar a montagem, que teria sido retirada de um vídeo que ele teria feito para a mulher, a modelo Fernanda Tavares.
Em maio de 2012, a atriz Carolina Dieckmann viu dezenas fotos em que aparecia nua se espalharem a web. Ela foi chantageada, por meio de e-mails anônimos, e levou o caso à polícia - que prendeu os suspeitos.
O caso repercutiu até no Congresso Nacional, levando a Câmara dos Deputados a aprovar um projeto de lei que tipifica crimes cibernéticos, e prevê punições específicas para delitos como violação de senhas, invasão de computadores e devassa de outros dispositivos de informática.

Revista VEJA online. Pollyane Lima e Silva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário