Inadimplência deve aumentar devido ao cenário
econômico atual, aponta BC.
De setembro para outubro, a inadimplência das
famílias, subiu para 5,8%; inadimplência das empresas aumentou para 4,3%.
Em outubro ocorreu a primeira queda
do ano no saldo devedor do crédito, incluídas as novas concessões e os juros
devidos pelos clientes aos bancos.
Os níveis de
inadimplência dos empréstimos bancários estão baixos, mas, de acordo com o
chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha,
a expectativa é de crescimento, devido ao aumento do desemprego e a redução da
renda, em momento de retração da economia.
“É esperado algum
crescimento da inadimplência de acordo com o ciclo econômico”, disse.
Ele lembrou, no entanto,
que os bancos estão bem capitalizados e provisionados (com dinheiro reservado)
para lidar com a situação.
De setembro para outubro, a inadimplência das
famílias, considerados os atrasos superiores a 90 dias, subiu 0,1 ponto
percentual para 5,8%. A inadimplência das empresas subiu 0,2 ponto percentual
para 4,3%.
Especificamente no mês
passado, a greve dos bancários, entre os dias 6 e 23 de outubro, também
influenciou os dados da inadimplência. Segundo Rocha, os clientes podem ter
tido dificuldades para renegociar dívidas, no período da greve.
A paralisação dos
bancários também gerou impacto na concessão de empréstimos pelos bancos. De
setembro para outubro, os bancos concederam menos empréstimos às pessoas
físicas (queda de 0,3%) e às empresas (5,5%).
Para Rocha, além da
greve, as concessões de empréstimos foram influenciadas pelo aumento do
desemprego, a redução na renda das famílias e também nas vendas, que refletem a
retração da economia.
Crédito
Em outubro ocorreu a
primeira queda do ano no saldo devedor do crédito, incluídas as novas
concessões e os juros devidos pelos clientes aos bancos. O saldo total do
crédito chegou a R$ 3,157 trilhões, com retração de 0,1% no mês.
Segundo Rocha, além da
influência da queda da atividade econômica, a redução no saldo é impactada pela
alta do dólar, porque há empréstimos vinculados à variação cambial.
Outro fator é que o
saldo do crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os
bens e serviços produzidos no país, está em 54,7%. “Bem maior do que era antes.
Então as taxas [de crescimento] serão naturalmente menores”, disse.
Juros
Os dados do BC
divulgados nesta sexta-feira (27) também mostram aumento nas taxas de
juros. A taxa média de juros cobradas das pessoas físicas subiu 2,5 pontos
percentuais de setembro para outubro, quando ficou em 64,8% ao ano. As empresas
pagaram 0,9 ponto percentual a mais, com taxa em 30,2% ao ano.
A taxa de juros do
cheque especial subiu 14,4 pontos percentuais para 278,1% ao ano. A taxa do
crédito consignado subiu 0,5 ponto percentual para 28,1% ao ano. No caso da
taxa para a compra de veículos, a alta foi 0,3 ponto percentual para 25,9% ao
ano.
Já a taxa dos juros do
rotativo do cartão de crédito caiu 8,2 pontos percentuais, mas ainda assim
continua sendo a mais alta entre as modalidades pesquisadas pelo BC (406,1% ao
ano).
Esses dados são do
crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado
no mercado e definir as taxas de juros.
Para o
chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, a queda na taxa do
rotativo do cartão foi pontual e os juros dessa modalidade continuam muito
altos.
Ele
orienta os clientes bancários a evitarem usar o cheque especial e o rotativo do
cartão de crédito. Caso seja realmente necessário, o uso dessas modalidades
deve ser por “curtíssimo prazo”, diz Rocha. . MArcos Santos/USP Imagens
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