Todos nós sentimos medo, mas a maneira como ele se manifesta é singular para cada padrão.
Resumo:
1-  Estudo feito por Ruth Soukup com mais de 4.000 pessoas identificou que o medo possui padrões distintos e se manifesta de diferentes maneiras;
2-  Apesar de desafiador, o medo pode revelar características positivas e agregadoras sobre cada pessoa;
3-  Identificar e compreender nosso medo pode nos levar a usá-lo como ferramenta para alcançar o sucesso;
4-  A falta de compreensão dos nossos próprios receios e aversões pode levar à auto-sabotagem;
5-  O progresso requer mudança e deixar para trás a zona de conforto;
6-  Metas de carreira precisam estar presentes diariamente. O contrário pode tornar o sonho profissional distante;
“Faça com medo“. Esse é o lema da vida da autora e empreendedora Ruth Soukup.
Aos 20 e poucos anos, Ruth Soukup passou por uma séria luta contra a depressão. Depois de se divorciar, declarar falência e abandonar a faculdade, ela se viu no fundo do poço. “Eu realmente senti como se tivesse arruinado completamente a minha vida“, lembra ela.
“A única coisa que eu fazia era ficar deitada na cama por meses, dia após dia.” Ela levou alguns cutucões de seu pai e finalmente se esforçou para estabelecer a meta de sair de casa e ir à academia.
“O ato físico de literalmente colocar um pé na frente do outro naquela esteira foi o suficiente para me fazer pensar que talvez algo pudesse ser diferente.”
Essa mudança proporcionou uma reação em cadeia. Logo, Ruth conseguiu reunir a motivação necessária para ir em busca de um novo terapeuta, que a ajudou a descobrir como ir ao supermercado sem ter uma crise de pânico e, eventualmente, encontrar um emprego de meio período.
Em pouco tempo, ela estava de mudança e tinha seu próprio apartamento -tudo isso antes de retomar os estudos e terminar sua graduação. “Cada passo foi aterrorizante para mim”, diz Ruth. “É aí que o ‘faça com medo’ se tornou um mantra. Realize essa única tarefa, faça com medo. E a próxima, faça com medo também.
Dez anos depois – agora novamente casada, com dois filhos e um negócio -, Ruth passou a prestar atenção ao papel que o medo desempenhava na vida de outras mulheres também.
Em seu trabalho, a empreendedora frequentemente escreve sobre definição de metas e sonhos grandes, mas ela percebeu que havia muita ansiedade em torno disso. Diz Ruth, “as pessoas vinham até mim e diziam coisas como:
‘Sinto-me como se estivesse presa e à margem da minha própria vida. Tenho muito medo de pular de cabeça e seguir em frente. Como posso superar isso?”. Ruth começou a se perguntar: todas as pessoas sentem medo? O que podemos fazer para superar isso? Sua curiosidade resultou em um estudo com mais de 4.000 pessoas.
O objetivo foi aprender mais sobre como o medo nos impede de perseguir nossos sonhos, alcançar objetivos ou buscar oportunidades.
“Começamos a perceber padrões muito distintos”, diz Ruth. “E a conclusão foi que sim, todos nós experimentamos o medo, mas a maneira como ele se manifesta em nossas vidas é muito singular para cada padrão.
E a forma com que esses medos se apresentam e interagem entre si cria uma impressão digital única para cada pessoa.”
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O procrastinador
Luta mais com o medo de cometer um erro
Medo primordial:
Luta mais com o medo de cometer um erro, que muitas vezes se manifesta como perfeccionismo ou aversão ao compromisso.
Traços negativos: Gosta que as coisas estejam “certas” e gasta muito tempo com pesquisa e planejamento; tem problemas para dar o pontapé inicial e sentir que as coisas estão finalizadas.
Atributos positivos: Produz trabalho de alta qualidade, normalmente é bem organizado, e presta muita atenção os detalhes.
O seguidor de regras
Luta mais com a aversão irracional a violar regras
Medo primordialLuta mais com um medo exorbitante da autoridade, que muitas vezes se manifesta como aversão irracional a violar as regras ou fazer algo que é visto como “não permitido”.
Traços negativos: Fica nervoso se não fizer algo da forma que deveria ser feito; pode aderir à regras ou ao status quo às custa do próprio julgamento.
Atributos positivos: É extremamente confiável e responsável; possui um forte senso de dever e do que é certo e errado.
O encantador
Luta mais com a aversão de ser julgado
Medo primordial: Luta mais com a aversão de ser julgado, o que também se manifesta como medo de decepcionar as pessoas e do que as elas possam dizer a seu respeito.
Traços negativos: Tem dificuldade em dizer não e se esforça para estabelecer limites; Pode hesitar em agir por temer o que os outros possam pensar.
Atributos positivos: Tende a ser querido pelos demais e divertido; é atencioso e generoso e um ótimo jogador em equipe.
O exilado
Luta mais com o medo da rejeição ou de confiar em outras pessoas
Medo primordial: Luta mais com o medo da rejeição ou de confiar em outras pessoas, uma aversão que muitas vezes se manifesta com a rejeição do outro antes que ele tenha a chance de fazê-lo.
Traços negativos: Pode parecer ser destemido ou despreocupado quanto a o que os outros pensam; às vezes, se esforça para fazer parte de uma equipe e pode buscar um comportamento arriscado ou autodestrutivo.
Atributos positivos: É motivado e impulsionado para o sucesso; tende a ser persistente, disposto a assumir riscos e não é facilmente desencorajado pelas falhas.
O inseguro
Luta mais com o medo de não ser capaz
Medo primordial: Luta mais com o medo de não ser capaz, o que muitas vezes se manifesta em sentimentos profundos de insegurança e medo de não ser bom o suficiente.
Traços negativos: Sente-se paralisado pela insegurança e, portanto, preso; muitas vezes critica os outros como uma forma de mascarar sua própria falta de confiança.
Atributos positivos: É muito esforçado e vai além para fazer um bom trabalho; pode ser gentil, simpático, humilde e um bom ouvinte.
A fábrica de desculpas
Luta mais com o medo de assumir responsabilidades
Medo primordial: Luta mais com o medo de assumir responsabilidades, que pode se manifestar como o receio de ser responsabilizado ou culpado.
Traços Negativos: Frequentemente cria desculpas em vez de progresso; pode hesitar em liderar ou assumir o comando. Prefere que outros tomem decisões.
Atributos positivos: É um bom jogador em equipe e um excelente líder de torcida; pode ser um observador atento que aprende com os sucessos e erros dos demais.
O pessimista
Luta mais com o medo da adversidade
Medo primário: Luta mais com o medo da adversidade, que pode se manifestar como o receio de passar por dificuldades, ou o medo da dor.
Traços negativos: Sente-se impotente para mudar as circunstâncias; tende a ver dificuldades como sinal para abortar o projeto, em vez dificuldades que precisam ser contornadas.
Atributos positivos: É sensível, tende a ser carinhoso, compassivo e muitas vezes é um bom ouvinte.
Ruth é rápida em apontar que, além das limitações, cada arquétipo de medo tem atributos positivos que podem nos servir. Por exemplo, o procrastinador tem medo de cometer erros, o que significa que presta atenção aos detalhes. Ele também exige prazos rígidos, que devem estabelecidos por alguém que não ele mesmo.
Quando conseguimos identificar e compreender nosso medo, podemos usá-lo a nosso favor e nos preparar para o sucesso. Mas até conseguirmos fazer isso, corremos o risco de auto-sabotar nossas carreiras. “Sempre que você quiser progredir em sua vida profissional, será preciso sair da sua zona de conforto.
Isso exigirá que você defina grandes metas para si mesmo”, explica Ruth. “Quando se trata de sonhar alto, pode ser difícil para muitas pessoas, porque nossa inclinação, especialmente para as mulheres, é adaptar à nossa realidade imediatamente. Nós corrigimos nossos pensamentos antes mesmo de nos dar uma chance de pensar sobre eles”
Então, como podemos superar o medo e sonhar alto em nossas carreiras?
Veja abaixo os conselhos de Ruth:
   Seja honesto com você mesmo. “Permita-se reconhecer que você não está feliz e deseja seguir outro caminho”, diz Ruth. “Isso em si já é um ato de coragem.”
   Dedique um tempo para pensar sobre “o que” antes do “como”. Muitas vezes, nós imediatamente pulamos para o “Eu não tenho ideia de como fazer isso”, ou “Isso não faz parte da minha realidade”, e sequer nos permitimos pensar grande. Se nada pudesse atrapalhar seu caminho, o que você faria?
   Crie seu próprio catalisador. No decorrer da pesquisa para seu livro, Ruth descobriu que as pessoas que estavam superando o medo e realizando coisas difíceis tinham experimentado algum tipo de catalisador que as levou a mudar.
Pode ser uma escolha interna consciente ou algo que estava fora de controle, como uma experiência traumática ou uma oportunidade apresentada.
Mas ela também descobriu que você não precisa simplesmente esperar que algo aconteça. É possível fabricar seu próprio catalisador. “Você pode estabelecer garantias em sua vida que o ajudem a seguir em frente.”
   Pense grande, planeje pequeno. Depois de estipular seu objetivo, divida-o em pequenos projetos mais gerenciáveis. Pergunte a si mesmo: “Se eu tenho essa grande meta para minha vida, o que preciso fazer este ano para que isso aconteça?”
E depois divida ainda mais: “Mensalmente, o que eu preciso executar para me aproximar do que planejei para o ano? Toda semana, o que devo fazer para me aproximar da meta do mês? O que eu preciso fazer todos os dias?” Diz Ruth, “É incrível como viver um dia após o outro pode fazer você chegar onde espera”.
Sem fazer disso uma prioridade diária, definir metas profissionais pode se tornar algo distante. De repente, você acorda e não está onde gostaria. E isso, diz Ruth, é positivo em relação ao medo. Por mais que possa nos deter, também pode ser motivador e nos levar adiante.
“Muitas pesquisas mostram que os seres humanos são mais felizes quando se esforçando para algo”, explica ela. “Não é na realização, é no esforço.
O que acontece para muitos de nós é que ficamos presos na rotina do diária, onde estamos constantemente pensando que temos que trabalhar na próxima coisa e no que vier depois. Eventualmente, é isso que nos faz sentir presos.”
E é precisamente por isso que trabalhar com o seu medo é tão importante. As coisas que são realmente excitantes também devem nos assustar um pouco. Então sonhe grande, fique com medo – e faça assim mesmo.
Carrie Kerpen.
Conteúdo Revista FORBES.
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