Cientistas revelam segredos do maior macaco que já existiu, que
chegava a 3 m de altura e 600 kg
Parte da mandíbula do 'Gigantopithecus blacki': primata gigante
foi extinto quando as florestas em que viviam se transformaram em savana
O dente fossilizado de um primata que viveu na China há 1,9
milhão de anos permitiu que cientistas descobrissem que o maior macaco que já
existiu é "primo distante" do orangotango.
A análise do material genético do fóssil, encontrado em uma
caverna, indica que o Gigantopithecus blacki tinha quase 3 metros de altura,
pesava cerca de 600kg e divide um ancestral em comum — que viveu 12 milhões de
anos atrás — com o primata que hoje habita florestas tropicais do planeta.
Publicado neste mês de novembro na revista Nature, o estudo contou com uma técnica inovadora, que comparou a
sequência de aminoácidos de uma proteína extraída do esmalte do dente do
primata extinto, provavelmente uma fêmea, com espécies que habitam o planeta
hoje.
A extração de proteína de um fóssil de dois milhões de anos é
algo raro e alimenta a esperança de que seja possível, no futuro, "voltar
ainda mais no tempo" para analisar outros ancestrais extintos, também dos
seres humanos, inclusive em regiões de clima mais quente.
As chances de encontrar DNA ancestral íntegro em áreas com clima
tropical hoje são consideradas baixas, já que o material genético tende a se
deteriorar mais rapidamente em regiões mais quentes.
Mas a descoberta dos pesquisadores, com amostra encontrada em
uma caverna na região chinesa de Guangxi, de clima subtropical, indica que
algumas proteínas podem "sobreviver" mesmo em regiões em que as
temperaturas são mais altas.
"Esse estudo mostra que proteínas antigas podem ter
sobrevivido por todo o período da evolução humana, mesmo em áreas como a África
ou a Ásia", diz Frido Welker, que pesquisa antropologia molecular na
Universidade de Copenhague e é um dos autores da pesquisa.
"Assim, poderíamos no futuro estudar a evolução da nossa
própria espécie no decorrer de um longo período de tempo", acrescenta.
Extinção
O Gigantopithecus blacki foi identificado em 1935 por meio de um
único dente.
A espécie teria vivido no sudeste asiático entre dois milhões de
anos e 300 mil anos atrás.
Outros dentes e partes de mandíbulas da espécie foram encontrados
nas últimas décadas, mas a ciência ainda não havia conseguido estabelecer uma
conexão entre o animal e primatas modernos.
Acredita-se que ele tenha sido extinto quando mudanças
ambientais transformaram as florestas em que vivia em savana.
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By Helen Briggs@hbriggs.
Conteúdo BBC Brasil.
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