Tabagismo:
Demanda por tratamento cresceu 30% na pandemia.
Saiba como têm sido feitos os
tratamentos na rede pública e privada de saúde no Brasil.
A procura
por tratamentos do tabagismo registrou
alta de 30% durante a pandemia do novo coronavírus. Esse percentual é observado
tanto no serviço público quanto na rede privada.
Para
especialistas, a alta se deve ao fato de o tabagismo aumentar os riscos de o paciente desenvolver as formas
mais graves da Covid-19.
Como tem sido feito o tratamento do
tabagismo na rede pública?
Entre
janeiro e maio, 8.249 pessoas buscaram atendimento no Programa Estadual
de Controle de Tabagismo – um acréscimo de 30% em relação ao registrado no
mesmo período do ano passado. Desse total, quase 60% eram mulheres.
A
coordenadora do programa da gestão João Doria (PSDB), Sandra Silva Marques,
avalia que, durante o isolamento social, as pessoas estão fumando mais do que
antes.
“Porém,
elas também estão procurando mais pelo tratamento, pois se conscientizaram de
que a prática de fumar está ligada a um aumento no risco relacionado à
Covid-19”, diz.
Leia mais: o mito do cigarro “mais saudáveis”
Em todo o estado, aproximadamente 1,6
mil unidades de saúde fazem o atendimento gratuito a quem pretende parar de
fumar. A coordenadora explica que o tratamento é dividido em duas partes.
Uma delas é a administração de
medicamentos, quando há necessidade. Porém, o paciente só toma remédio após se
consultar com um médico.
Já a outra etapa do tratamento
consiste nas sessões de terapia em grupo, que, inicialmente, são realizadas
semanalmente. Após o primeiro mês, a frequência dos encontros começa a
diminuir. Ao todo, o processo demora cerca de um ano para ser concluído.
Antes da pandemia, as sessões eram
feitas presencialmente. Porém, com a quarentena, profissionais e pacientes passaram a interagir pela internet, seja pelo WhatsApp ou por programas de conferência virtual.
A Prefeitura de São Paulo afirma que
adaptou o atendimento do Programa Nacional de Controle do Tabagismo por causa
do coronavírus.
A administração municipal, gestão
Bruno Covas (PSDB), não informou se houve aumento na procura por esse tipo de
serviço.
Procura por tratamento também cresceu
na rede privada
A procura por tratamentos antitabagisticos na
rede privada teve comportamento semelhante ao do serviço estadual. No HCor, a
demanda também subiu 30% na quarentena na comparação com os meses anteriores ao
início da pandemia.
A gerente de psicologia do HCor e
responsável pelo Programa Vida Sem Cigarro do hospital, Silvia Cury, também faz
relação entre o novo coronavírus e o aumento na busca por tratamento
antitabagismo.
“O cigarro diminui a ação da
imunidade do seu organismo. E assim, você fica mais suscetível a pegar doenças
infecciosas e respiratórias”, explica a profissional.
“Além disso, a pessoa que está em
quarentena sabe que fumar dentro de casa não é adequado, porque pode contaminar
a família com substâncias cancerígenas [do cigarro]”, acrescenta Cury, ao
destacar mais um motivo que tem levado as pessoas a tentar parar de fumar
durante a pandemia.
No HCor, todo o tratamento
antitabagismo é feito virtualmente e dura cerca de três meses. De acordo com
Cury, ao fim do processo, aproximadamente 80% dos pacientes conseguem parar de
fumar. Após um ano, entre 55% e 60% se mantêm sem cigarro.
Quais são os riscos do tabagismo?
A ligação entre o tabagismo e a
possibilidade de piora no quadro de fumantes contaminados pelo novo coronavírus
ajudou a fazer com que o advogado Osmar Alves de Campos Golegã Neto, 36,
decidisse parar de fumar depois de 15 anos com o vício.
“Eu fumava mais ou menos um maço e
meio por dia. Na quarentena, eu resolvi parar, especialmente por causa da
notícia de que a Covid-19 é uma doença que ataca o pulmão”, afirmou.
Segundo ele, “faltava um incentivo”
para que o hábito fosse abandonado.
No caso do advogado, o cigarro foi
sendo deixado de lado aos poucos. “Fui aumentando o tempo entre um e outro. E
assim, em uma semana estava fumando meio maço por dia”, lembra.
Ele diz que a etapa final foi a mais
difícil, quando estava consumindo cinco unidades diárias.
“Fiquei com mau humor. Coisas que não
me tirariam do sério passaram a me tirar.”
Outra que decidiu largar o cigarro
durante a quarentena foi a analista de marketing digital Bárbara Ribeiro, 25,
que fumava desde os 14.
Além do risco ligado à Covid-19, ela
conta que o isolamento social contribuiu de outro jeito para que ela parasse de
fumar. “O comércio fechado me ajudou a não sair para procurar cigarro”, diz a
jovem, que não tinha o hábito de fumar dentro de casa.
Ela diz não ter medo de recaídas,
apesar de acreditar que deverá ter mais vontade de fumar quando sua rotina
voltar ao normal, com o fim do distanciamento social durante a quarentena.
Sem fumar, Bárbara afirma já sentir
pequenas mudanças em sua qualidade de vida, como melhoria do paladar, do olfato
e da capacidade respiratória nos afazeres diários.
IMAGENS/iStock.
Por: Julia Monsores.
FÁBIO MUNHOZ || FOLHAPRESS.
Conteúdo Revista SELEÇÕES.
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