O perigoso efeito colateral da dieta sem glúten: diabetes.
Estudo
de Harvard mostrou que o consumo de mais de 12 gramas da proteína por dia reduz
o risco da doença.
O glúten, proteína
presente em cereais como trigo, centeio e cevada, assumiu o posto de vilão da
saúde e da dieta. Após diversas celebridades, como a atriz Gwenethy Paltrow e a
estilista e ex-Spice Girl Voctoria Beckham, e adeptos da onda “fitness”
atribuírem seus corpos magros à dieta sem glúten, especialistas iniciaram um
movimento para provar que a substância é prejudicial à saúde e à boa forma.
No
entanto, agora começam a aparecer os primeiros estudos sobre os “efeitos colaterais” dessa moda.
No mais recente deles, pesquisadores
da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, concluíram que pessoas
que eliminaram o glúten da dieta estão mais propensas a desenvolver diabetes tipo 2.
A
proteína de fato pode ser prejudicial ao organismo – mas, comprovadamente,
apenas entre aqueles que sofrem de doença celíaca, que afeta uma em cada 200 pessoas no
mundo. N
o
entanto, muitas pessoas sem o problema começaram a seguir uma dieta ‘gluten free’ (sem
glúten) acreditando que ser melhor para a saúde e forma física.
Com
o objetivo de avaliar se o consumo de glúten afetava
a saúde das pessoas que não tinham a doença celíaca, mas insistiam em
eliminá-lo da alimentação, Geng Zong, pesquisador do Departamento de
Nutrição da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, analisou o
consumo de glúten e a saúde de 200.000
pessoas, acompanhadas durante 30 anos.
Nesse
período, foram descobertos mais de 15.000 casos de diabetes tipo 2 entre os
participantes.
Associação entre o glúten e o
diabetes
Os
resultados mostraram que quem consumiu mais de 12 gramas de glúten por dia,
tinha menos risco de desenvolver diabetes tipo
2. Por exemplo, as pessoas que ingeriram a maior quantidade de glúten tinham
uma probabilidade 13% menor de desenvolver diabetes tipo 2 do que aquelas que
consumiam a menor (até 4 gramas por dia).
O
estudo concluiu também que quem tirou a proteína da dieta, acabou consumindo
menos fibras, e consequentemente predisposto a aumentar as chances do diabetes.
“Alimentos sem glúten geralmente têm menos fibra e outros micronutrientes, o
que os torna menos nutritivos, além de custarem mais.
Pessoas
sem doença celíaca deve reconsiderar a decisão de limitar seu consumo de glúten
principalmente no que diz respeito à prevenção de doenças crônicas como o
diabetes.”, disse Zong.
Alimentação integral e balanceada
Para Gisele Paiva, nutricionista
da Clínica DrummonDermato, o grande problema é que pessoas que retiram o
glúten da dieta, tendem a substituir seu consumo pelo de outros alimentos como
arroz, por exemplo, que é um alimento refinado.
“As pessoas comem mais arroz e seus
derivados, como farinha e biscouto de arroz. O arroz é um
alimento refinado, e, como todo alimento refinado, aumenta o risco de
diabetes.”, explica.
O diabetes tipo
2
Ocorre
quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que
controla os níveis de glicose no sangue e é uma das principais doenças da
atualidade.
Para
diminuir o risco de diabetes, em uma dieta com ou sem glúten, Gisele recomenda sempre optar por
alimentos integrais e evitar industrializados.
“Precisamos
entender que o glúten não é vilão. Ele só é prejudicial para quem
tem doença celíaca. Os carboidratos presentes em alimentos que contêm
a substância são benéficos para a saúde.
Não
é natural restringir seu consumo, nosso organismo não está acostumado a essa
restrição.”, explica o endorcrinologista Airton Golbert, membro da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
(Istock/Getty Images).
Revista VEJA
online. Por Giulia Vidale.
http://veja.abril.com.br/saude/o-perigoso-efeito-colateral-da-dieta-sem-gluten-diabetes/