Pesquisadores revelam a existência de 5 tipos diferentes de insônia.
As
novas descobertas abrem caminhos para a criação de tratamentos personalizados
contra o problema
Todo
mundo já passou uma noite em claro pelo menos uma vez na vida. No entanto, para
algumas pessoas a constante falta de sono pode ser
um problema crônico que necessita de tratamento.
Ainda
assim, em alguns casos, as abordagens tradicionais não exercem qualquer efeito.
Felizmente, essa realidade pode mudar em breve.
Isso
porque um estudo publicado
na revista The Lancet Psychiatry revelou
que existem cinco tipos diferentes de insônia; a
descoberta pode revelar caminhos para a criação de tratamentos personalizados
que consideram as reais necessidades do paciente.
“Embora
sempre tenhamos considerado a insônia uma desordem, na verdade [o problema]
representa cinco distúrbios diferentes”, escreveu Tessa Blanken, do Netherlands Institute for Neuroscience, na Holanda, em
relatório.
Segundo
os pesquisadores, os tipos de insônia podem ser classificados como:
Muito angustiado (tipo 1),
moderadamente angustiado, mas sensível
à recompensa
(tipo 2),
Moderadamente
angustiado e insensível a recompensas.
(tipo 3),
pouco
angustiado com alta reatividade (tipo 4)
e ligeiramente angustiado com baixa
reatividade
(tipo 5).
A
classificação foi feita com base nos traços de personalidade, risco
de depressão, atividade cerebral e resposta ao tratamento.
O estudo
Para chegar a essa conclusão, os
cientistas analisaram as respostas de cerca de 34 questionários distintos
preenchidos por 4.322 pessoas através do Registro do Sono da Holanda.
Os formulários mediam os traços de
personalidade associados às diferenças na função e estrutura cerebral. A equipe
definiu os tipos de insônia de acordo com os sintomas apresentados pelos
participantes.
Tipo 1: indivíduos dentro deste espectro
tendem a ter altos níveis de stress (altos níveis de emoções negativas, como
ansiedade e preocupação) e baixos níveis de felicidade;
Tipo 2: essa modalidade de insônia é
caracterizado por níveis moderados de sofrimento, mas níveis de felicidade e
emoções prazerosas relativamente normais;
Tipo 3: pessoas nesta classificação apresentam níveis
moderados de sofrimento e baixos níveis de felicidade e de experiências
prazerosas;
Tipo 4: nesta categoria, os pacientes têm baixos níveis
de sofrimento, mas tendem a conviver com a insônia de longa duração como
resultado de um evento de vida estressante;
Tipo 5: pessoas com esse tipo de insônia vivenciam baixos
níveis de estresse e o sono não é afetado por eventos estressantes da vida.
Para confirmar os achados, foi realizado uma segunda fase com 251
participantes. Cinco anos depois, a equipe reavaliou 215 voluntários da
primeira amostra.
Os resultados mostraram que eles haviam se mantido no mesmo espectro ao
longo dos anos, o que, para os pesquisadores, indica “uma alta estabilidade de
classificação”.
Novos tratamentos
Os cientistas ainda descobriram que pessoas com diferentes subtipos de insônia diferem em termos de
resposta ao tratamento. Os participantes com os tipos 2 e 4, por exemplo,
apresentaram melhora nos sintomas quando medicados com benzodiazepínico –
comumente usado para o tratamento de insônia e ansiedade; já os indivíduos com
o tipo 3 não responderam bem ao tratamento medicamentoso.
A
equipe ainda revelou que o tipo 2 também responde bem à terapia
cognitivo-comportamental (TCC) – uma forma de psicoterapia -; o mesmo
não foi notado em pessoas com o subtipo 4.
Outra
descoberta importante mostrou que os pacientes dentro do espectro 1 estão mais
propensos a desenvolver depressãoao longo da
vida.
Diante
dessas revelações, os pesquisadores acreditam que seja possível desenvolver
novas formas de tratamento para cada subtipo de insônia; eles também esperam
descobrir maneiras de prevenir a depressão nos grupos com maior
risco.
Em editorial, Tsuyoshi Kitajima, da Fujita Health University, no
Japão, explicou que a nova classificação oferece algumas
semelhanças com as categorias utilizadas no passado, como no caso de indivíduos
com o subtipos 1 e 2, que tendem a desenvolver sintomas já na
infância ou na adolescência.
Os
sintomas descritos pelo novo estudo foram observados na insônia idiopática,
categoria na qual as pessoas desenvolvem a condição precocemente na vida
sem uma causa identificável – no entanto, esse tipo de insônia não faz mais
parte do manual de diagnóstico conhecido como Classificação Internacional
de Distúrbios do Sono (3ª edição).
Apesar disso, Kitajima acredita que
esses subtipos podem não ser adotado nos consultórios já que foram baseados em
fatores que não estão diretamente ligados ao sono.
Por isso, ele sugere que novos
estudos sejam feitos com participantes já diagnosticados com insônia.
Insônia
A
insônia é um transtorno causado por diversos motivos, incluindo ansiedade, problemas físicos e fatores ambientais. Segundo
especialistas, quando de caráter crônico, ele se manifesta pelo menos três
vezes por semana ao longo de três meses seguidos.
Estima-se
que 10% das pessoas no mundo tenham essa variante. O problema também pode
se manifestar de forma aguda, sendo causada por stress, depressão, distração na
hora de dormir (como o uso de dispositivos eletrônicos), gastrite, consumo de
cafeína e álcool.
A
principal causa desta manifestação são conflitos emocionais passageiros ou de
longa duração.
(Getty Images/Getty Images)
Revista VEJA online.
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