Por que descansar pode ajudar a ter sucesso.
O tempo ocioso permite ao cérebro fazer conexões inesperadas e
fornece novas inspirações e percepções
Resumo:
O trabalho
sem interrupção é um grande inimigo do sucesso, uma vez que reduz a eficiência
e a criatividade e, muitas vezes, gera estresse emocional, psicológico e
físico.
1- É necessária uma
verdadeira mudança de mentalidade sobre momentos de ócio na vida pessoal e na
carreira a fim de gerar tempo aos profissionais para criar;
2- É possível produzir
soluções inovadoras quando se está relaxado, pois a chamada rede neural de modo
padrão e as áreas do cérebro associadas com o foco e a memória permanecem
ativas.
Atividades sem descanso diminuem a produtividade. Trabalhar sem
interrupção, reduz a eficiência e a criatividade e, muitas vezes, gera estresse
emocional, psicológico e físico.
O cérebro precisa de tempo ocioso para continuar produtivo,
ganhar perspectiva e gerar ideias inovadoras.
Essa pausa dá à mente uma oportunidade de fazer conexões inesperadas
e fornecer novas inspirações e percepções.
Entretanto, no mundo cada vez mais exigente e acelerado de hoje,
o estresse parece dominar. Garantir espaço e tempo a qualquer hora do dia ou da
noite para se desconectar muitas vezes parece impossível.
As pessoas estão excessivamente preocupadas com os resultados do
trabalho e imersas em sua tecnologia.
Segundo pesquisa Gallup, o trabalho é uma fonte primordial de
estresse para os norte-americanos, com 79% dos indivíduos reportanto estresse
frequente (44%) ou algum estresse (35%) em suas vidas diárias.
Uma verdadeira mudança de mentalidade sobre o ócio na carreira e
na vida pessoal é necessária a fim de literalmente dar às pessoas tempo para
criar e rejuvenescer.
Culturas organizacionais que levam em consideração e aproveitam
o que a ciência está descobrindo sobre o funcionamento da mente e como
incentivar e estimular a criatividade, a clareza e a produtividade terão não
apenas os funcionários mais engajados, mas também as estratégias mais
inovadoras.
O período de inatividade mental aumenta consideravelmente a
possibilidade de gerar pensamentos novos, como já sabia Albert Einstein, uma
das mentes mais criativas do século 20.
Seu biógrafo, Walter Isaacson, descreve como Einstein permanecia
horas pensando sozinho, muitas vezes durante longas caminhadas na natureza ou
navegando em seu barco.
Esses períodos tranquilos e serenos permitiram que respostas
criativas e originais a problemas difíceis chegassem até ele.
Pesquisas da neurociência cognitiva explicam o comportamento de
Einstein e contam como o tempo silencioso pode ser produtivo para todos, não
apenas gênios como ele.
Em uma série de estudos, o pesquisador Roger Beaty, da
universidade Penn State, liderou uma equipe internacional de cientistas que
usaram a tecnologia de escaneamento para identificar padrões de conectividade
cerebral.
Quando relaxado ou sonhando, o cérebro não para de funcionar.
A chamada rede neural de modo padrão continua ativa e muitos
processos importantes estão ocorrendo. Mesmo nesse estado de repouso, o cérebro
consome cerca de 20% da produção de energia do corpo e utiliza apenas de 5% a
10% a mais de energia durante a concentração profunda.
Beaty e sua equipe acabaram descobrindo que as pessoas produziam
soluções inovadoras para problemas durante esse estado relaxado.
Parece que, para muitas pessoas, momentos em que os pensamentos
estão a todo vapor resultam no efeito oposto de gerar criatividade e insights
importantes.
Do ponto de vista organizacional, quando uma empresa incorpora
intencionalmente o tempo ocioso à sua cultura, a produtividade, a criatividade
e o bem-estar geral do funcionário podem melhorar.
Uma pesquisa de Leslie Perlow, da Harvard Business School,
documentou como um período específico longe do trabalho e dos dispositivos
tecnológicos provocou esse efeito.
Gerentes, membros da equipe e o próprio indivíduo se
certificaram de que cada profissional obtivesse um tempo livre estipulado, com
exceções apenas para emergências reais, que eram bastante raras. Isso se tornou
parte da cultura e, como resultado, os profissionais ficaram revigorados,
tornaram-se mais capazes de priorizar, sentiram que seu trabalho era mais
gratificante e passaram a se orgulhar mais de suas realizações.
Além disso, o produto do trabalho foi aperfeiçoado, o
engajamento aumentou e a rotatividade na equipe diminuiu.
Um tempo silencioso, sem distrações, pode permitir que
pensamentos criativos surjam espontaneamente. A cientista Carol Dweck, de
universidade de Stanford, descreve como a mentalidade de uma pessoa e as
crenças subjacentes sobre sua capacidade afetam o crescimento pessoal.
Se acreditamos intrinsecamente que podemos crescer, aprender e
melhorar nossas habilidades (mentalidade de crescimento), isso ajuda a tornar o
crescimento e a melhoria uma realidade.
Todavia, se acreditamos que nossos talentos e habilidades são
imutáveis (mentalidade fixa), a falta de crescimento geralmente se manifesta.
Se adotarmos uma mentalidade que aprecia o fato de que um
período de tranquilidade contém o potencial de criatividade e inovação, esses
resultados podem acontecer quase que magicamente.
O sucesso desta “pausa” que gera criatividade se alimentará de
si mesmo e reforçará a mentalidade criativa.
Fazer uma caminhada tranquila em um ambiente agradável ou sentar
em silêncio e meditar, tornam-se oportunidades para a mente “descansada”
transbordar de criatividade e inovação.
As pausas são necessárias para reabastecer a energia do cérebro.
Algumas empresas com cultura de vanguarda, especialmente aquelas com grande
parte dos funcionários da geração millenial, entendem esses conceitos
inovadores.
Existem companhias que oferecem até mesmo espaços calmos e
tranquilos para restauração. E cochilos breves de 20 minutos no máximo podem
realmente reativar o cérebro.
A meditação mindfulness está sendo cada vez mais considerada
como uma forma de proporcionar bem-estar mental e criatividade. Evidências
provam que a meditação aprimora a concentração, fortalece a memória, traz
insights criativos e estimula o bem-estar.
A meditação que se concentra na respiração sem qualquer
planejamento, que simplesmente permite que a mente vagueie e flua, proporciona
não apenas calma posteriormente, mas muitas vezes pensamentos férteis que têm
um impacto positivo na vida profissional e pessoal de uma pessoa.
Como o poeta sufi (título
com que, no Ocidente, designava-se o soberano da Pérsia), Rumi disse: “Quanto
mais quieto você se torna, mais você é capaz de ouvir”
Stuart R.
Levine.
Conteúdo
Revista FORBES.
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