Como dormir melhor:
10 mitos sobre o sono.
'A quem pode dormir é permitido ser feliz', afirma o autor alemão Erich
Kastner.
No entanto, a realidade é muito diferente para um número cada
vez maior de pessoas – elas
simplesmente não conseguem adormecer, permanecem horas acordadas 'rolando' na
cama.
Assim, se sentem esgotadas pela manhã.
Cerca de metade dos brasileiros adultos alega sofrer de
transtornos do sono ocasionais ou recorrentes. São diversas as causas dos
problemas relacionados ao sono e de distúrbios graves e crônicos.
Uma delas é uma falsa expectativa. Adormecer suavemente, dormir
sem interrupções: é assim que a grande maioria das pessoas descreve um bom
sono.
Porém, essa descrição nem sempre corresponde à realidade.
O sono é bem diferente daquilo que a maior parte das pessoas
considera ser um descanso noturno.
MITO 1
Somente um sono ininterrupto te faz dormir bem.
A crença mais equivocada e mais disseminada sobre um bom sono é
a que somente o sono ininterrupto é saudável.
Na verdade, ninguém dorme a noite inteira.
Pelo contrário, até quem tem o melhor dos sonos acorda cerca de 30 vezes por noite. Essas fases de
vigília podem durar até 3 minutos. Porém, por serem curtinhas, nem nos damos
conta delas.
Resultado:
Muitas pessoas têm a impressão de que dormiram a noite inteira.
As fases de vigília (estado desperto) durante a noite não
influenciam o descanso noturno. O problema existe quando passamos a perceber as
fases de forma repetida e consciente e não conseguimos adormecer novamente.
Assim, pode-se iniciar um ciclo que acaba se transformando em um
transtorno de sono real.
MITO 2
Precisamos
de oito horas de sono por noite
Cada pessoa tem sua própria necessidade de sono. Elas podem
variar de cinco horas entre aqueles que dorme pouco até cerca de nove horas
entre os que dormem mais.
Valores acima ou abaixo desses são raros. As pesquisas sobre o
sono presumem que a propensão para dormir mais ou menos horas é, entre outros
aspectos, genética.
Há, ainda, inúmeros fatores que influenciam a duração do sono.
Por exemplo, quem acabou de se apaixonar consegue dormir menos
por determinado período sem apresentar cansaço ou sonolência.
Se alguém que não está acostumado a fazer grande esforço físico
tiver um dia de trabalho braçal árduo, provavelmente terá mais dificuldade em acordar
cedo no dia seguinte.
MITO 3
Dormir antes
da meia-noite proporciona o melhor sono.
Não é a meia-noite do relógio, mas a meia-noite biológica – ou
seja, o momento de menos rendimento biológico – que é determinante para um sono
profundo e reparador.
No entanto, a meia-noite biológica não corresponde a 00h, mas a
3h ou 4h da manhã, para a maioria das pessoas.
Antes desse horário, uma pessoa já deve ter dormido entre quatro
e cinco horas. Isso aumenta a quantidade do que chamamos de “fases do sono
profundo” antes do ponto mais baixo.
E essas fases são fundamentais para garantir a qualidade do
sono. Afinal, é durante essas fases de sono profundo que os processos de
recuperação noturna são mais eficientes.
Por isso, o
importante é dizer:
O sono antes da meia-noite pode ser tão bom quanto o sono depois
da meia-noite.
MITO 4
Os idosos
precisam de menos horas de sono
Durante muito tempo acreditou-se, até entre os especialistas,
que os idosos precisavam de menos horas de sono.
Novos estudos, porém, têm desmentido essa ideia. Certamente há
idosos que passam a dormir menos horas após se aposentarem, por exemplo, pelo
simples fato de realizarem tarefas menos cansativas durante o dia.
Mas em geral os mais velhos sofrem um deslocamento de tempo no
ciclo sono-vigília, e não a redução do tempo de sono.
O que ocorre é que a partir dos 30 anos acordamos mais vezes
durante a noite e, sobretudo após os 60 anos, as pessoas sentem que a qualidade
do sono tende a piorar.
Há uma explicação para esse fenômeno que pode ser até medida em
laboratório: os mais velhos passam com maior frequência por estágios de sono
mais leve, isto é, nos quais podem acordar com mais facilidade.
Esse fato está associado, entre outros aspectos, a alterações
hormonais resultantes do processo de envelhecimento.
MITO 5
O sono é um período de descanso
Ao observar a imagem de alguém dormindo em câmera rápida, fica
evidente como o sono não é um descanso tranquilo.
Praticamente todas as pessoas mudam de posição até dezenas de
vezes por noite. Além disso, braços e pernas movimentam-se de maneira
involuntária.
Nem a cabeça permanece imóvel. Mas essas atividades são só as
que conseguimos ver.
Boa parte do trabalho físico realizado durante a noite não é
observada tão facilmente. O corpo humano não se desliga durante o sono, mas
muda o “modo de operação”.
Já ao adormecer, inicia-se uma série de processos sem os quais o
descanso noturno não seria possível.
MITO 6
Uma dose de álcool faz bem:
É verdade que ingerir álcool nos ajuda a adormecer rápido, pois
ele promove o relaxamento e o sono. Mas o álcool também reduz a qualidade do
sono como um todo.
Esse fato se
deve a duas razões:
Durante o catabolismo do álcool, o cérebro, por um lado, reage à
redução da concentração do álcool no sangue com impulsos para acordar. Por
outro, o metabolismo precisa de energia para eliminar das células as toxinas do
álcool.
O que diz a psicóloga
O álcool não é um bom sonífero nem do ponto de vista médico, nem
do psicológico. Quem ingere seu chopinho noturno ou toma aquela cervejinha à
noite para relaxar não associa ao álcool o despertar posterior durante a
madrugada.
Consequentemente, se convencem de que sem o álcool elas não
conseguem mais dormir.
Esse pode ser o início de um distúrbio real do sono.
Conheça e
reduza os riscos da dependência do álcool.
MITO 7
O quarto tem de estar frio
Para dormir bem, a temperatura ambiente do quarto deve estar em
torno de 18°. No verão brasileiro, para aqueles que têm ar condicionado em
casa, isso é fácil. Porém, em hipótese alguma ela deve estar tão baixa que você
possa sentir frio.
Para resolver esse problema, você pode colocar uma bolsa de água
quente nos pés e escolher uma coberta mais quente. Mas não é somente o frio
excessivo que atrapalha a qualidade do sono.
Também é importante arejar bem o ambiente. O ar viciado e com
pouco oxigênio atrapalha o repouso, pois o oxigênio é o elemento mais importante do
metabolismo humano – e o metabolismo é bastante ativo durante a noite.
MITO 8
A lua cheia interfere no sono.
Talvez essa nem todos tenham ouvido… Mas, por mais incrível que
possa parecer, tem gente que acha que a lua exerce influência sobre o nosso
corpo da mesma forma que age sobre elementos da natureza, como as marés.
Segundo uma sondagem do Instituto de Pesquisa Allensbach, da
Alemanha, quase 40% da população daquele país acredita que a lua cheia
influencia o sono.
No entanto, pesquisas médicas nunca conseguiram traçar tal
relação entre lua cheia e dificuldade de dormir.
MITO 9
A prática de exercícios noturnos estimula o sono:
O movimento estimula o organismo – e a agitação provocada
prejudica o sono tranquilo.
Pelo menos duas horas antes de ir para cama, é recomendável
manter o corpo calmo. E isso também é válido para atividades mentais que demandam
concentração.
O corpo
necessita de tempo para se desligar.
O intervalo ideal entre um esforço físico intenso ou atividades
mentais e o sono deve ser de cerca de quatro a seis horas.
No entanto, aqueles que só podem praticar exercícios à noite não
precisam abrir mão disso: é possível reduzir à metade esse tempo para desligar
o corpo, fazendo exercícios relaxantes específicos.
MITO 10
Ver televisão ajuda a adormecer
Muitas pessoas, sobretudo os solteiros, habituam-se a adormecer
assistindo televisão. Esse hábito alimenta a ideia de que sem a TV é impossível
dormir.
Na verdade, ver televisão atrapalha o sono. As luzes e os ruídos
chegam ao cérebro mesmo durante o sono e o impedem de atingir as fases
profundas.
Médicos e psicólogos atribuem a muitas das expectativas erradas
nutridas por mitos equivocados a responsabilidade por grande parte dos
transtornos do sono.
Quem julga que deve dormir 8 horas por noite, por exemplo, se
frustra quando acorda no meio da noite. Se você não acredita nesses mitos, já
deu o primeiro passo para ter um descanso noturno melhor!
Imagens:Istock.
Por: Elen
Ribera.
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